“Estamos absolutamente tranquilos e confiantes de que a democracia brasileira vai reagir, transformando essa crise em avanço das reformas, em mais crescimento e mais empregos. Enquanto o mundo desce, o Brasil vai começar a reaceleração do crescimento”, disse Guedes. O ministro foi questionado sobre o impacto na economia brasileira da crise financeira, que começou com o coronavírus e se acentuou, nesta segunda-feira (9/3), com a derrocada dos preços internacionais de petróleo. “Qual é a minha resposta a isso? A melhor resposta à crise são as reformas”, emendou.
O titular da Economia alegou que o mundo já estava em desaceleração, antes mesmo do coronavírus e da crise do petróleo, e disse que o Brasil caminha no sentido contrário. Ele voltou a usar os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que cresceu 1,1% em 2019, para dizer que o país está voltando a crescer. E repetiu que essa recuperação terá continuidade neste ano com a aprovação das reformas econômicas. Guedes concluiu, então, que o Brasil pode contrariar o movimento recessivo que parece tomar conta da economia global, e crescer neste ano. “O Brasil tem uma dinâmica própria de crescimento. Se fizermos as coisas certas, o Brasil reacelera”, defendeu, frisando que a coisa certa é a aprovação das reformas.
Foco
Apesar de voltar a dizer que o câmbio é flutuante, Guedes destacou que até o dólar pode baixar quando o Brasil avançar com as reformas. Por isso, pediu foco e trabalho de todos os poderes brasileiros em prol das reformas.“A equipe econômica é capaz, experiente, segura. E está absolutamente tranquila quanto à nossa capacidade de enfrentar a crise. Agora, nós precisamos das reformas. (...) É hora de trabalhar, hora de manter a serenidade, hora de sermos construtivos. (...) Os três poderes com serenidade, cada um resolvendo sua parte. Não está na hora de ninguém pedir privilégio, aumento, facilidade. Está na hora de, ao contrário, perguntarmos o que cada um pode fazer pelo país”, destacou, mandando um recado ao Congresso, que, nas últimas semanas, entrou em atrito com o governo devido ao Orçamento Impositivo. “A classe política está convidada a assumir o Orçamento. Não é brigar por R$ 10 bilhões ou R$ 15 bilhões. Tem R$ 1,5 trilhão carimbado. Aprovem as reformas, desvinculem os fundos, desobriguem as receitas. Assumam o Orçamento público, mas, como eu disse, não pisando no pé do Executivo.”
Guedes, porém, também tentou fazer um afago para o Congresso para poder assegurar apoio à sua tese de que as reformas podem tirar o Brasil dessa nova onda de desaceleração mundial. Para isso, disse que as coisas estão avançando no parlamento, sobretudo no que diz respeito às três propostas de emenda à Constituição (PEC) que compõem o Pacto Federativo. E garantiu que o governo federal vai enviar, em breve, as suas propostas de reforma administrativa e reforma tributária, que são aguardadas desde o ano passado pelos parlamentares. Ele prometeu, inclusive, conversar com o presidente Jair Bolsonaro sobre o envio da reforma administrativa assim que o chefe do Executivo voltar da viagem aos Estados Unidos, nesta quarta-feira (11/3). “Da nossa parte, estamos devendo a reforma administrativa, que vamos mandar assim que possível. O presidente chegando, nós vamos conversar sobre isso. E a tributária, a Câmara acabou de instalar a comissão mista. Então, vamos mandar, nesta semana ou na semana que vem, nossa contribuição inicial para a reforma”, garantiu.
Cobrança
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu às declarações de Guedes. Disse que o parlamento será colaborativo para minimizar os efeitos da crise e o baixo crescimento do Brasil. Ele ressaltou, no entanto, que é preciso fazer mais. “Não é só reforma. O governo tem algumas ações que vai ter que tomar. Parte delas são as reformas. Reformas que não chegaram à Câmara. Não chegou a administrativa ou a tributária. E a emergencial, o governo decidiu, em novembro, caminhar uma pelo Senado e não utilizar uma feita pelo deputado Pedro Paulo, que estava pronta desde 2017, 2018.”Maia ainda destacou: “Estamos prontos para ajudar, como colaboramos no ano passado, com toda a agenda de reformas. Elas ajudam, mas, certamente, não são o único ponto para solucionar os danos da crise. O governo precisa comandar esse processo, deixar claro para os atores da sociedade, os outros dois poderes, o que ele pensa sobre aquilo e no que a gente pode ajudar.”
Maia ressaltou que o Congresso aguarda “ansioso” os textos das reformas “já têm alguns meses”. “Eu preciso que esse encaminhamento seja coordenado pelo Executivo, pelo presidente da República e pelo Ministério da Economia.”