Politica

Jornal é excluído de cobertura

A Associação Nacional de Jornais condenou a decisão do governo brasileiro de deixar o jornal Folha de S.Paulo de fora do grupo de veículos que cobriria o jantar entre os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump, ontem, na Flórida.

“A Associação Nacional de Jornais lamenta e condena a discriminação do Palácio do Planalto contra a Folha de S.Paulo. A Presidência da República deveria se pautar pela atuação de forma impessoal, como exige a Constituição brasileira, sem favorecimentos ou perseguições a veículos de comunicação e jornalistas”, afirmou a ANJ, em nota.

O Planalto selecionou um grupo de 15 profissionais seriam levados ao resort de Mar-a-Lago para acompanhar o encontro, sem incluir a Folha. Entre os veículos selecionados estavam os jornais O Estado de S.Paulo e O Globo; as emissoras TV Globo, SBT, Record, Band e EBC; a rádio Jovem Pan;  e as agências de notícias Bloomberg e Reuters.

Trump havia confirmado, na quinta-feira, que receberia Bolsonaro. “Vamos comer em Mar-a-Lago”, disse o presidente americano. “Ele (Bolsonaro) queria jantar na Flórida”. Em comunicado, a Casa Branca disse que, entre os assuntos da pauta, está a “democracia venezuelana”.

Na sexta-feira, diplomatas do Itamaraty contataram cada jornalista dos veículos selecionados para avisar da inclusão no grupo escolhido para a cobertura e requisitar dados pessoais dos profissionais, que seriam enviados para o governo americano. A Folha, no entanto, não foi contatada.

A reportagem da BBC Brasil também não havia sido inicialmente contatada, mas, diferentemente da situação da Folha, conseguiu entrar no grupo após acionar o governo brasileiro.

Durante briefing do governo brasileiro a jornalistas em Miami, representante do Itamaraty informou que a lista fora definida pelo Planalto. Uma integrante da Secretaria de Comunicação da Presidência comunicou que o critério para escolha dos jornalistas era o veículo fazer cobertura diária do Planalto.

A Secom informou também que a rapidez para repassar as informações foi um dos critérios utilizados para definição da lista de veículos a fazer a cobertura. Diferentemente dos demais veículos, a Folha não foi avisada de que deveria enviar as informações.

A Folha se pronunciou sobre o episódio. "A Presidência mais uma vez discrimina a Folha, o que já se tornou um método de perseguição. O jornal continuará cobrindo esta administração de acordo com os padrões do jornalismo crítico e apartidário que o caracteriza e que praticou em relação a todos os governos." 

Presidente ironiza vídeo de Dilma
O presidente Jair Bolsonaro utilizou as redes sociais, ontem, para hostilizar Dilma Rousseff. Em um trecho do vídeo publicado por ele, a ex-presidente fala diante de uma plateia, em Paris, a convite da Anne Hidalgo, prefeita da cidade. Um tradutor media a comunicação com o público. Bolsonaro postou trechos nos quais ela diz que “o grave é que foi eleito no Brasil um neofacista” e “o neofacista tem por objetivo destruir a destruição da soberania do país”. Diante da confusão de palavras, Dilma se corrige, arrancando risos do público. No Twitter, o presidente escreveu: “Pela primeira vez na história a ex-presidanta fala a verdade: ‘estamos destruindo a destruição da soberania do país’. O PT é uma piada de mal (sic) gosto!”