O acordo selado entre governo e Congresso para manter os vetos do presidente Jair Bolsonaro ao projeto que definiu como os recursos públicos serão gastos em 2020 não arrefeceu os movimentos que organizam manifestações para o próximo dia 15. A possibilidade de os parlamentares imporem uma derrota ao Planalto era um dos argumentos para a convocação dos atos.
“A gente já vinha maturando essa manifestação faz tempo. O que pegou fogo foi a declaração do general Heleno”, disse o coordenador do Avança Brasil, Nilton Caccáos. Na semana passada, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) gerou atrito na relação com o Congresso ao dizer que o Executivo é vítima de “chantagem” de parlamentares.
A partir daí, grupos bolsonaristas começaram a criticar a demora de deputados e senadores de votar projetos do governo ou mesmo as ameaças de anular o veto que Bolsonaro impôs às emendas do relator. De acordo com o que foi aprovado, somente um deputado, o relator-geral do Orçamento, Domingos Neto (PSD-CE), definiria o destino de R$ 30 bilhões.
Após o acordo, no entanto, o poder de Neto segue alto. Mas, em vez de comandar R$ 30 bilhões, ele terá influência sobre R$ 19 bilhões — ao valor soma-se uma reserva de R$ 1,5 bilhão. A manutenção dos vetos foi aprovada na quarta-feira, por 398 votos a favor e apenas dois contrários.
Mas a votação não encerrou o debate. O governo enviou três projetos com as novas regras para a distribuição dos recursos, que devem ser votadas na terça-feira. “Não acredito que isso (a votação de quarta) vá esvaziar as manifestações. Esse era apenas um dos temas”, disse Caccáos. A convocação feita pelo Avança Brasil defende pautas genéricas: “Não à chantagem do Congresso, não ao parlamentarismo branco, não às fake news diárias, respeito à Constituição Federal, respeito à divisão entre os Poderes, respeito ao resultado das eleições”.
Segundo o Avança Brasil, 23 estados e o Distrito Federal receberão manifestações em, ao menos, uma cidade. Em São Paulo, o movimento contabiliza a adesão de 38 municípios. Na capital, o ato está marcado para começar às 13h, na Avenida Paulista.