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Bolsonaro diz que paralisação de policiais no CE foi 'greve' e não 'motim'

De acordo com o presidente, a mídia tratava como greve as paralisações de militares antes do governo dele, mas agora trata de maneira diferente o movimento

Correio Braziliense
postado em 05/03/2020 22:33

De acordo com o presidente, a mídia tratava como greve as paralisações de militares antes do governo dele, mas agora trata de maneira diferente o movimentoO presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou na noite desta quinta-feira (5) que a paralisação ocorrida no Ceará, não se trata de “motim”, mas de “greve”. De acordo com Bolsonaro, a mídia tratava como greve as paralisações de militares antes do governo dele, mas agora trata de maneira diferente o movimento. 

 

“Terminou, demos por 8 dias, prorrogamos por mais 7 e, no quinto dia da segunda prorrogação, foi feito um acordo e decidiu a questão da greve dos policiais. Olha o que eu falei, greve. A imprensa, nos governos anteriores, falava em greve. Quando chegou no meu governo, começou a falar o que? Motim, que é uma diferença enorme de greve para motim. Essa é a imprensa brasileira”, explicou Bolsonaro.

 

A saída dos militares das Forças Armadas no Ceará por meio de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) foi antecipada. O decreto, assinado no dia 20, atendeu a um pedido do governador do estado, Camilo Santana (PT), para conter a crise na segurança pública no estado após batalhões serem invadidos por grupos de policiais que reivindicam aumento salarial. Após prorrogação, a medida venceria nesta sexta-feira (6), mas o fim foi antecipado para o último dia 4. Após 13 dias de paralisação e pelo menos 90 homicídios desde o início dos protestos, os policiais militares do Ceará decidiram encerrar a greve no último dia 1º. 

 

Agora, segundo Bolsonaro, a medida será dificultada. “Deixar bem claro, nós vamos dificultar a GLO. Não é que eu não queira não, vamos dificultar porque é uma irresponsabilidade você mandar jovens de 20, 21, e 22 anos de idade, que são soldados engajados ou reengajados das Forças Armadas, para entrar numa linha de frente, numa verdadeira guerrilha. E daí acontece um problema, não é justo você condenar até 40 anos de cadeia um soldado, que pode ter seu filho condenado”.

 

O chefe do Executivo ainda voltou a defender o projeto de excludente de ilicitude, espécie de "salvaguarda jurídica" para policiais que, por ventura, matarem em serviço. O texto foi enviado no final do ano passado ao Congresso Nacional.

 

“Nós precisamos do excludente de ilicitude. Espero que o Parlamento vote, se o Parlamento não quiser votar, sem problema, eu não posso interferir no Parlamento brasileiro, mas, da nossa parte, não é que eu vou dificultar. Como eu tenho responsabilidade, as GLO dificilmente, olha o que eu estou falando, dificilmente serão colocadas em prática por parte do meu governo. E a justificativa que eu estou dando é exatamente essa, eu não quero que você, que presta o serviço militar obrigatório, e está engajado, você que é pai, tem um filho servindo como temporário nas Forças Armadas, após o cumprimento da missão você vai visitar seu filho na cadeia, vai sair daqui a 20 ou 40 anos. Isso é uma irresponsabilidade”, declarou.

 

Mais para frente, Bolsonaro tentou amenizar e dizer que o estado que precisar e se encaixar nas regras para receber o benefício de GLO, será atendido. “O governador lá, o Camilo, fez vários tuítes agradecendo nossa participação, tudo bem, não temos nada a ver na questão ideológica. O estado que precisar, se enquadrando, e tendo a retaguarda jurídica, nós vamos colocar em prática a GLO. Agora, que fique a lição, dá dor de barriga na galera, lembra das Forças Armadas, é impressionante. Choveu, [chama] as Forças Armadas. Crise na saúde? Forças Armadas. Violência? Forças Armadas. Deu dor de barriga na galera, lembra das Forças Armadas”, alfinetou o presidente.

 

 

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