A ONG brasileira Conectas Direitos Humanos criticou o discurso da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, feito na última segunda-feira na abertura do Conselho dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). A coordenadora de programa da entidade, Camila Asano, afirmou que houve “propaganda enganosa” do Brasil, em vez de mostrar e discutir problemas reais do país. “Mostra que há um esforço de blindar uma imagem que já está muito desgastada e mostra um encolhimento da relevância internacional do Brasil”, ressaltou.
Damares usou a tribuna da ONU para um discurso de cerca de 10 minutos, no qual listou ações e resultados positivos no Brasil. De acordo com a ministra, o Brasil estava mergulhado em corrupção, mas que agora ela apresentava uma nova nação e que “sem dinheiro de corrupção, já começa a sobrar dinheiro para proteger nossos brasileiros”. Ela destacou, também, que houve redução de 20% no número de homicídios em 2019.
Para Camila Asano, a ministra omitiu o aumento da letalidade policial e das forças de segurança. “E que existe uma tentativa, de autoria do governo, de ampliar o chamado excludente de ilicitude, o que vai impactar diretamente no aumento da letalidade policial”, frisou.
Na avaliação da coordenadora, faltou também abordar políticas de violação de direitos humanos que estão acontecendo no Brasil, como o projeto encaminhado pelo governo ao Congresso para autorizar mineração em terras indígenas e os ataques do Executivo à imprensa.
Na última quinta-feira, a alta comissária das Nações Unidas para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, afirmou que há no Brasil “retrocessos significativos” no que tange a políticas de proteção ambiental e voltadas aos povos indígenas. Durante seu discurso anual sobre a situação do mundo, ela ainda criticou ataques a defensores dos direitos humanos no país.