Durante uma coletiva de imprensa que ocorreu nesta sexta-feira (28/2) no Palácio do Itamaraty, o secretário de Negociações Bilaterais e Regionais nas Américas, embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva, explicou que a programação será dividida em quatro partes: sessão solene de compromisso de honra e declaração de fidelidade constitucional, cerimônia de transmissão de mandato presidencial, posse de ministros e evento de cumprimentos protocolares dos chefes de delegações oficiais ao presidente do Uruguai e ao novo ministro das relações exteriores do país. Estão confirmados ainda o presidente do Chile, Colômbia e Paraguai e os vice- presidentes da Costa Rica e Equador, além de outras autoridades outras autoridades do Peru, Argentina, Rei Felipe VI da Espanha, o ministro do Ambiente e transição Energética de Portugal e o chanceler do México.
Bolsonaro foi o primeiro presidente estrangeiro a cumprimentar o presidente Pou por telefone e foi o primeiro a informar que iria à posse. A visita, aponta Costa e Silva, além do caráter protocolar, abrirá novas portas nas relações diplomáticas entre os dois países. "Essa visita, além do caráter protocolar, tem um simbolismo que inaugura, inicia uma nova etapa da relação com o Uruguai. Ficou claro, com o contato dos presidentes e durante a visita do futuro chanceler a Brasília, uma grande sintonia. Não só na agenda bilateral, como o tema regional", afirmou.
A delegação que acompanhará Bolsonaro inicialmente será composta do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, do ministro do Gabinete da Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), do deputado federal Celso Russomanno (Republicanos-SP) e da presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministra Cristina Peduzzi.
O secretário ressaltou ainda que o governo brasileiro espera uma mudança na postura internacional.
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Por conta da agenda consecutiva, não estão previstas reuniões bilaterais de Bolsonaro com outros chefes de Estado em Montevidéu.
A expectativa do governo brasileiro é intensificar o trabalho conjunto na região de fronteira dos dois países, onde vivem 800 mil pessoas. Há ainda temas de segurança, infraestrutura, obras de interesse dos dois países, como pontes e hidrovias, além de aprofundamento de cooperação na área de defesa.
Ainda de acordo com Costa e Silva, Lacalle Pou deve visitar o Brasil no primeiro semestre de 2020, antes da Cúpula do Mercosul que ocorrerá no Paraguai.
Em novembro do ano passado, Bolsonaro comentou a ligação que fez para La Calle Pou parabenizando-o pelas eleições.
“Foi uma conversa bastante saudável, amiga. Ele é conservador, é de direita, tem um programa muito parecido com o nosso. A posse dele é em 1º de março do ano que vem, já confirmei a minha presença. Convidei para estar no Brasil também”.
Encontro com Fernández
Durante a posse do presidente Uruguaio, a expectativa era de que Bolsonaro se encontrasse com o presidente argentino Alberto Fernández. No entanto, no dia da cerimônia, o mandatário argentino pronunciará um discurso durante a abertura dos trabalhos legislativos deste ano, no Congresso e não poderá comparecer.
O ministro das Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto da Argentina, Felipe Solá, se reuniu com Bolsonaro no dia 12 no Palácio do Planalto. De acordo com Solá, partiu de Bolsonaro a ideia de propor um encontro com Fernández. “Foi uma proposta do presidente Bolsonaro, que já contava que ambos iam se encontrar na posse e pediu um aparte (reunião bilateral) com o presidente Alberto Fernández”, disse o chanceler da Argentina.
A presença do brasileiro e do argentino, disse Solá, poderia significar “um passo intermediário” para amenizar a conturbada relação entre os dois presidentes desde a eleição de Alberto Fernández no ano passado. Após derrotar Mauricio Macri, Fernández irritou Bolsonaro ao clamar pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como resposta, o chefe do Executivo federal brasileiro se negou a parabenizar Fernández e disse que a Argentina havia escolhido mal.
Além disso, Bolsonaro não viajou a Buenos Aires para a posse do presidente argentino. Foi a primeira vez desde 2002 que um presidente brasileiro não foi ao país vizinho para prestigiar a posse presidencial da Argentina. O brasileiro ainda anunciou que não enviaria ninguém do governo para participar da cerimônia. Depois, cogitou mandar o ministro da Cidadania, Osmar Terra. No fim, escolheu o vice-presidente Hamilton Mourão para ser o representante do Palácio do Planalto.