Politica

Governo local descarta negociação


O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), se reuniu com a comitiva interministerial do governo federal para tratar da situação no estado e garantiu que não vai conversar com os policias militares enquanto os integrantes da corporação continuarem invadindo batalhões. “Continuarei apoiando e valorizando nossos policiais que cumprem com suas obrigações e honram a farda que vestem. A quem praticar ilícitos, o rigor da Justiça”, afirmou.

Camilo também disse que não pode extrapolar nas negociações, pois a oferta “está no limite do que o estado pode dar”. Para soldados, por exemplo, o governo propôs um reajuste de R$ 3,4 mil para R$ 4,5 mil, que deve ser pago em três parcelas até 2022.

“Sentamos e negociamos com as classes dos policiais, que saíram da reunião satisfeitos com o que foi fechado. Sempre permitimos o diálogo. O que não podemos permitir é que grupos da segurança façam o que estão fazendo, com carapuças, balaclavas, com armas que a Constituição deu concessão para protegerem a sociedade e ameaçando a sociedade. Ninguém está acima da lei. Sempre haverá abertura de diálogo e negociação, mas ninguém pode estar acima da lei neste país”, frisou Camilo.

Processos em série
O secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, endossou o discurso do governador. Para ele, é inadmissível dialogar com “pessoas encapuzadas”, “indivíduos que cometem crimes” e “ameaçam cidadãos”. Por enquanto, 230 policiais militares estão afastados das funções por terem participado dos motins. Todos serão alvo de processos administrativos por parte da Controladoria- Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) do Ceará. Outros 37 PMs foram presos por trocarem o serviço de vigilância pública para trabalhar em festas de carnaval durante o fim de semana. 

Até o fechamento desta edição, seis dos 43 batalhões do estado continuavam invadidos.

Segundo Costa, “não há possibilidade de anistia” para os envolvidos nos protestos. “O que a gente não pode nunca é negociar com pessoas encapuzadas. Pessoas cometendo crimes e, inclusive, usando aparato da corporação, como viaturas, motocicletas da corporação, armas da corporação, para ameaçar cidadãos”, frisou.

De qualquer forma, o secretário está otimista e estima que a onda de manifestações dos PMs esteja normalizada até a próxima sexta-feira, mesmo sem considerar, assim como Moro, o deslocamento das tropas enviadas pelo governo federal para atuar na reintegração de posse dos batalhões.

“Não tem nenhuma previsão, até o momento, de reintegração. Não tem nada a se tratar sobre isso. Tudo isso pode ser avaliado. Tem que ser questionado aos representantes do governo federal. Mas tudo isso pode ser reavaliado. É um prazo inicial. A gente acredita que até lá (sexta-feira) consiga restabelecer a normalidade”, afirmou Costa. (AF)