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Guedes garantido até o final

Bolsonaro diz que ministro da Economia %u201Ctem problemas pontuais%u201D e que comete %u201Cpequenos deslizes%u201D, mas não cogita afastá-lo porque sua atuação é importante para a recuperação da credibilidade perdida pelo país



Em meio à dança das cadeiras na Esplanada, Jair Bolsonaro negou a possibilidade de exonerar o ministro da Economia, Paulo Guedes, mesmo depois das falas polêmicas sobre servidores públicos e a respeito dos impactos da alta do dólar — quando fez uma referência preconceituosa às empregadas domésticas. Ontem, o presidente admitiu que o chefe da equipe econômica tem “problemas pontuais” e comete “pequenos deslizes”, mas, mesmo assim, garantiu que não vai tirá-lo da função que ocupa desde o início do mandato.

O presidente incluiu a “defesa” de Guedes no discurso de cerimônia de transmissão de cargo dos ministros da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto, e da Cidadania, Onyx Lorenzoni, no Palácio do Planalto. “Se o Paulo Guedes tem problemas pontuais, como todos nós temos, e ele sofre ataques, é muito mais pela sua competência do que por possíveis pequenos deslizes”, explicou Bolsonaro, que acrescentou ter cometido “muitos (deslizes) no passado”.

O presidente também afirmou que Guedes “não pediu para sair” do ministério. “Tenho certeza que, como um dos poucos que eu conheci antes das eleições, ele vai continuar conosco até nosso último dia”, reforçou Bolsonaro, seguido de aplausos. “Uma das coisas mais importantes que aconteceram desde o início do mandato foi a recuperação da confiança que o mundo não tinha conosco”, ressaltou, para acrescentar:

“Paulo Guedes não é militar, mas é ainda um jovem aluno do Colégio Militar de Belo Horizonte”, disse Bolsonaro, em referência ao grande número de egressos das Forças Armadas no governo, lista engrossada com a colocação do general Braga Netto na Casa Civil. Agora, todos os ministros com gabinete no Palácio do Planalto são militares.

Nos últimos dias, Guedes foi criticado por ter chamado servidores públicos de “parasitas” e comentado a frequência com que empregadas domésticas viajavam à Disney, quando o dólar estava em patamares mais baixos, nos governos anteriores. O ministro afirmou que é “bom para todo mundo” que a moeda americana esteja acima dos R$ 4,00.

Bolsonaro, porém, não saiu em defesa do ministro em nenhuma das situações. Depois da repercussão negativa das falas em relação aos integrantes do funcionalismo, o presidente disse que “responde pelos próprios atos” e sugeriu que jornalistas tirassem satisfações “com quem falou isso”.

Congresso
No discurso, Bolsonaro também admitiu que é preciso melhorar a relação com o Congresso, com quem tem se indisposto desde o ano passado. Ele mandou o recado diretamente ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), presente ao evento. “Davi Alcolumbre, precisamos fortalecer o nosso relacionamento, assim como vocês para conosco”, cobrou.

Segundo Bolsonaro, o agora deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) “nos ajudará muito nessa função”. Ele reassume o mandato após ser substituído no Ministério da Cidadania por Onyx Lorenzoni, até então ministro-chefe da Casa Civil.