Politica

PF apura ataque a deputado

Loester Trutis, do PSL, é alvo de atentado a tiros quando se deslocava para Sidrolândia, cidade distante 72km de Campo Grande. Ninguém ficou ferido. Parlamentar é defensor da liberação de armas de fogo




A Polícia Federal investiga um atentado ao deputado federal Loester Carlos Gomes de Souza, conhecido como Loester Trutis (PSL-MS), ocorrido na manhã de ontem, no Mato Grosso do Sul. O carro, que transportava o parlamentar e o motorista, foi atingido, “no mínimo, por cinco disparos” de arma de fogo, segundo o próprio Loester. Eles se deslocavam para a cidade de Sidrolândia, a 72km de Campo Grande.

O congressista divulgou o ataque em seu perfil no Facebook. Na publicação, ele agradece as palavras de apoio dos eleitores, defende suas convicções armamentistas e garante que continuará o seu trabalho. “Agradeço o carinho de todos. Estamos bem. Meu pai dizia: ‘Tenha fé, mas vá armado’. Graças a Deus pude revidar e aguardar chegar a polícia. Quem achou que eu ia parar ou me calar, digo que estamos apenas começando e sigo trabalhando”, publicou Loester Trutis.

O Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul retirou as vítimas do local e as conduziu à Polícia Federal. Por meio de nota, a PF destacou que ninguém ficou ferido e que “tomou todas as medidas iniciais em relação ao caso, e instaurou inquérito policial para investigar o ocorrido”, após ambos prestarem declarações “buscando colaborar com o procedimento investigativo”.

À tarde, estava agendada uma visita do deputado, que foi cancelada, a Maracaju, município a 160km de Campo Grande. “Informamos que, devido ao acontecimento, infelizmente não será possível cumprir as agendas marcadas para hoje. Em breve, daremos mais informações”, comunicou. Em suas redes sociais, Trutis se define como antiaborto, antidemarcações de terras, como as indígenas, a favor de penas mais duras para crimes como o estupro e o roubo seguido de morte. Além de se declarar “defensor ferrenho do direito do cidadão ter porte de arma e a cortes de privilégios para políticos”.

Perfil

Pelo Instagram, em 4 de dezembro do ano passado, ao se referir à notícia de que quatro pessoas morreram em confronto com o Bope, Loester Trutis comemorou, embora também se autoproclame alinhado às pautas de direita e “defensor do sagrado direito à vida e à propriedade privada”, como “a legítima defesa; a fé cristã; o ‘escola sem partido’ e o crescimento econômico do Brasil”. À época, ele postou: “Bandido solto gera violência, ferido, gera vingança, preso, gera despesas. Morto, gera paz (com letras maiúsculas). Deixe seus parabéns aos nossos heróis. Parabéns, Bope”. Em alguns fins de semana, ele treina a prática de tiro. Em 2 de fevereiro de 2020, chegou a brincar em uma postagem. Disse que não daria um tiro na perna, porque o alvo que ele treina “nem perna tem”. E concluiu: “domingo é dia de pólvora”.

O líder do PSL na Câmara, Major Vitor Hugo, assinalou que ainda está tentando entender o que ocorreu e que vai aguardar o avanço das investigações. “Um ataque a alguém democraticamente eleito é algo perigoso. Se ele não estivesse armado, talvez estivesse morto”, argumentou. Segundo ele, o fato de Loester ter sofrido justamente um atentado com a arma que ele defende que seja liberada à população, não significa que os armamentistas devem recuar. “Pelo contrário. Defendemos armas legais, não as ilegais, ou a restrição como os governos esquerdistas”, reforçou. Procurado, Loester Trutis não retornou os telefonemas da reportagem até o fechamento desta edição.


“Um ataque a alguém democraticamente eleito é algo perigoso. Se ele não estivesse armado, talvez estivesse morto”

Major Vitor Hugo, líder do PSL na Câmara