Politica

Moro estende o bate-boca

Ministro usa o Twitter para desabafar sobre tratamento recebido, no dia anterior, de deputado do PSol em comissão de PEC. Manifestação reacendeu a polêmica, gerou nova troca de insultos e incluiu Marcelo Freixo



O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, fez render o bate-boca que teve com o deputado Glauber Braga (PSol-RJ), quarta-feira, durante a comissão que debate a proposta de emenda à Constituição (PEC) 199/2019, da prisão após julgamento em segunda instância. Na discussão que antecipou o fim da sessão, o parlamentar usou os qualificativos “lobo em pele de cordeiro”, “capanga da milícia” e “mentiroso” contra Moro, que rebateu chamando-o de “desqualificado”. Poucas horas depois, as duas últimas ofensas já haviam se tornado hashtag no Twitter.

Mas o ex-juiz pareceu incomodado com a situação e voltou à carga. Às 8h30, voltou a falar da confusão em uma postagem. “Não gosto deste jogo político. Mas verdades precisam ser ditas. No projeto de lei anticrime, propusemos que milícias fossem qualificadas expressamente como organizações criminosas. Propusemos várias outras medidas contra crime organizado. O PSol, de Freixo/Glauber, foi contra todas elas”, acusou Moro, incluindo o vice-líder do PSol na Câmara, Marcelo Freixo, na discussão.

Rapidamente, a postagem provocou nova briga entre os apoiadores do ministro e os da legenda. Os contrários a Moro voltaram a fustigá-lo classificando-o de “mentiroso”. Os favoráveis repetiam que Glauber e Freixo eram “desqualificados”.
Antes dessa postagem, Moro já havia se pronunciado sobre a confusão na Câmara, em resposta ao apoio que recebeu do chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo, general Augusto Heleno, também pelo Twitter. “Assisti ao lamentável diálogo entre o ministro Sérgio Moro e o deputado Glauber Braga (PSol). Ficaram evidentes a competência e educação do qualificado Moro diante do destempero do qualificado (?) parlamentar. A casa dos representantes do povo não deveria ser palco de episódios dessa natureza”, postou o militar.

Moro compartilhou a postagem do colega de governo pedindo respeito. “Sou do tempo em que chamavam-se as pessoas de senhor e senhora, e os erros dos outros de equívocos. Usava-se muito por favor ou por gentileza nas frases. Alguns, infelizmente, ainda bem que de deputados a absoluta minoria, perderam muito da urbanidade. Grato pela solidariedade, ministro”, divulgou.

O PSol, por sua vez, não se calou. No perfil oficial, o partido afirmou que Moro cometeu “fake news” em suas afirmações. “As milícias só foram citadas uma única vez no pacote anti-crime por Moro, e para reduzir a pena de milicianos. Quem evitou o absurdo foi Marcelo Freixo”, defendeu. Na mesma postagem, a legenda colocou um link para uma nota de seu site em que explicava como os deputados agiram para evitar que a pena mínima dos milicianos fosse reduzida.

Freixo usou o Twitter e o púlpito do plenário da Câmara para se manifestar. “Eu até hoje sofro ameaças de morte por causa das investigações que coordenei. Por isso, Moro, servindo a quem serve, não tem moral para falar de milícias comigo”, disse, lembrando que presidiu uma CPI na Assembleia Legislativa do Estado do Rio sobre as milícias. E acrescentou:
“Se tem alguém nessa casa, se tem alguém nessa República, ministro Sérgio Moro, que defende milícia, não sou eu. Talvez quem defenda milícia esteja muito mais perto do senhor do que o senhor imagina”.

“Alguns, infelizmente (...) perderam muito da urbanidade.

Ministro Sergio Moro, alfinetando o deputado Glauber Braga

“Se tem alguém nessa República (...) que defende milícia, não sou eu

Deputado Marcelo Freixo, rebatendo o ministro