A declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que servidores são parasitas continua gerando reações. Ontem, houve protestos de funcionários dos três poderes. De manhã, um grupo das carreiras de Estado entregou representação na Comissão de Ética da Presidência da República. O argumento é de que Guedes violou o Código de Conduta da Alta Administração Federal e o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal.
Na representação, o Fórum Nacional das Carreiras de Estado (Fonacate) destaca que Guedes cometeu “desrespeito gratuito e desmedido a 12 milhões de servidores públicos, que buscam, diuturnamente, prestar serviço de qualidade à população brasileira, além de não condizerem com o decoro do chefe de pasta que hoje congrega funções pertinentes à organização dos quadros de pessoal da administração pública”.
Comparar servidores a parasitas não tem contexto justificável, afirma o documento, já que o Código de Ética “impõe como dever do agente público o agir equilibrado entre a legalidade e a finalidade para que se consolide a moralidade do ato administrativo, bem como para que se preserve a honra e a tradição do serviço público”.
Também de manhã, em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, o Fonacate apresentou o estudo O Lugar do Funcionalismo Estadual e Municipal no Setor Público Nacional (1986-2017), feito com a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público, com dados que combatem os argumentos da equipe econômica sobre a reforma administrativa.
À tarde, cerca de 100 pessoas do carreirão se manifestaram na Esplanada, sem perder o bom humor. Criaram uma paródia da marchinha A Jardineira, ironizando o termo “parasita”. O título era “Pinochetar, especular, parasitar: a vida de Paulo Guedes”. Na letra, destacavam: “Ô, Paulo Guedes, sei que foste ao Chile/O que será que te apeteceu/Foi lá bancar o Chicago boy/Porque no Brasil tentou, mas não deu/Guedes-carrapato/Chupa o sangue do trabalhador/É um banqueiro/E só sabe especular/Como todo parasita/Ele quer privatizar”.