A demissão de Janícia Silva, mais conhecida como reverenda Jane, levantou dúvidas sobre o que está ocorrendo dentro da Secretaria de Cultura, ligada ao Ministério do Turismo. O titular da pasta, Marcelo Álvaro Antônio, exonerou a secretária adjunta, que faria o papel de chefe até que a atriz Regina Duarte tomasse posse, mas não justificou sua decisão. Entre os motivos especulados estaria uma suposta insatisfação da artista com a religiosa, que estaria passando por cima de suas determinações.
O nome do novo ocupante do cargo ainda não foi divulgado. A reverenda Jane voltará ao posto de secretária da Diversidade Cultural, função que exercia até 23 de janeiro, quando recebeu o convite para ser adjunta. Facilitou a demissão o currículo da religiosa. As experiências dela como empresária dificilmente atenderiam aos pré-requisitos necessários para a função, conforme exige o Decreto Número 9.727, de 15 de março de 2019. A norma foi assinada pelo próprio presidente da República.
Em seu currículo, a pastora enumera uma série de atividades e títulos. Afirma que trabalhou como diretora de agência de turismo e viagens; é presidente vitalícia da Associação Cristã de Homens e Mulheres de Negócios; foi fundadora e presidente da Comunidade Internacional Brasil & Israel; empresária de Dedé Santana, Mara Maravilha e outros artistas; e presidente da Internacional Christian Embassy Jerusalém no Estado de Minas Gerais.
Entre os diversos requisitos definidos no decreto para que um indicado assuma uma secretaria ou secretaria adjunta está, por exemplo, ter “formação acadêmica compatível com o cargo ou a função para o qual tenha sido indicado”. O texto inclui outras exigências, como experiência em gestão pública de, no mínimo, três anos; título de mestra ou doutora em área correlata; experiência em outro órgão ou entidade; ter desempenhado atividade semelhante à de secretária adjunta (ou de secretária) de Cultura, e possuir “experiência profissional de, no mínimo, cinco anos em atividades correlatas às áreas de atuação do órgão”.