A declaração de Paulo Guedes, como esperado, causou forte reação no funcionalismo público. Entidades de classe emitiram notas de repúdio e prometeram denunciá-lo à Justiça e à Comissão de Ética da Presidência da República. Elas reclamam que, ao comparar servidores a parasitas, o ministro cometeu crimes de calúnia, difamação e assédio.
“Uma nota de repúdio é pouco. Vamos questioná-lo juridicamente, porque entendemos que ele cometeu indícios penais”, avisou o presidente da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil (CSPB), João Domingos Santos. “As 32 entidades do fórum vão fazer uma representação na Comissão de Ética da Presidência da República. Também avaliamos acionar o Ministério Público para combater esse discurso ofensivo, que agride os 12 milhões de servidores brasileiros”, emendou o presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudnei Marques.
Em nota, a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco Nacional) afirmou que “o assédio institucional que vem sendo praticado pelo sr. Paulo Guedes em relação aos servidores públicos já ultrapassa os limites legais e merece reação à altura”.
Entidades também reclamaram que o ministro usou dados questionáveis para se referir aos reajustes do serviço público. Segundo elas, o aumento de 50% acima da inflação, citado por Guedes, é inverídico, visto que boa parte dos funcionários está com salário congelado desde 2017. “O governo distorce os dados para jogar a população contra o funcionalismo”, afirmou Rudnei Marques.
Os representantes do setor querem que o governo deixe de lado o discurso agressivo e passe ao diálogo. “Já solicitamos diversas audiências públicas com o ministro para tentar esclarecer essas e outras questões. Nunca obtivemos retorno. Mas estamos tentando mais uma vez. Mandamos um ofício na semana passada, pedindo uma audiência para terça-feira. Caso não tenhamos resposta, vamos lá mostrar nossa disponibilidade para o diálogo”, contou o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva. Ele ameaçou greve da categoria, em março, se o governo continuar com portas fechadas para os servidores. (MB)