Correio Braziliense
postado em 29/01/2020 06:00
Enquanto aliados do presidente Jair Bolsonaro comentam, reservadamente, que ele não desistiu de recriar o Ministério da Segurança Pública, até o final do governo, Sérgio Moro busca criar uma base de apoio para avançar em suas pretensões futuras. Além de lutar para manter a Polícia Federal sob seu comando, evitando alterações na estrutura da pasta que comanda, o ministro da Justiça tenta pavimentar o caminho para o Supremo Tribunal Federal. Mas, caso outro nome seja indicado para ocupar a vaga do ministro Celso de Mello, que deixa o STF em novembro, Moro tem tudo para desembarcar do governo — de acordo com um ex-integrante do alto escalão do Executivo, que mantém proximidade com o ministro.
No auge da crise envolvendo a recriação da pasta da Segurança pública — deixada de lado por enquanto —, o ministro fez chegar a Bolsonaro que não aceitaria a mudança. O presidente, então, recuou, e assim ficou demonstrada a força do integrante mais popular do governo. Os dois se encontram, ainda nesta semana, para acertar alguns pontos.
“Muitos querem dividir o MDR (Ministério do Desenvolvimento Regional). É comum. O pessoal quer a luta pelo poder; o tempo todo tem alguém beliscando ministério. Agora, pelo que eu vi, o Moro não mordeu a isca, nem eu. Continua ele com o ministério (da Justiça), sem problema nenhum. Talvez me encontre com ele amanhã (esta quarta-feira — 29/1)”, afirmou Bolsonaro, ao chegar em Brasília depois da viagem oficial à Índia.
Com o apoio de parte do eleitorado, da ala militar do governo e de integrantes do Congresso, o ministro não descarta uma candidatura à Presidência, em 2022. Mas este seria um plano B, caso não seja indicado ao Supremo, de acordo com esse interlocutor de Moro.
Nomes na fila
Nos bastidores, rumores dão conta de que o presidente vai indicar para a vaga o ministro Jorge de Oliveira, chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Ex-integrante do gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Oliveira tem seis anos de experiência como advogado e é visto no meio jurídico como alguém com currículo insuficiente para chegar a mais alta Corte do país. O segundo cotado é o advogado-geral da União, André Mendonça, que tem elevada aceitação entre os integrantes do Supremo e no meio jurídico. Além disso, é evangélico, atributo que o presidente declarou ser importante para decidir quem ficará com a vaga. Moro é católico e, embora venha demonstrando apoio público ao presidente, se mantém descontente com diversas decisões em seu trabalho diário.
Nesta terça-feira (28/1), Moro visitou o juiz Marcelo Bretas, da Justiça Federal do Rio, que julga os casos da Lava-Jato no estado. Responsável por condenações como a do ex-governador Sérgio Cabral, o magistrado tem boa popularidade e é um aliado importante para as intenções futuras de Moro. O diretor-geral da Polícia Federal, Maurícioi Valeixo, que está na mira para ser removido do cargo, também participou do encontro. “Visita institucional a (sic) Sétima Vara da Justiça Federal do RJ, pelo MJSP, e pelo Diretor Geral da Polícia Federal, para apoio dos (sic) trabalhos na Operação Lava Jato do Juiz Federal Marcelo Bretas”, escreveu Moro no Twitter.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.