O presidente Jair Bolsonaro vai exonerar o secretário-executivo da Casa Civil, Vicente Santini. Gerou desconforto para o chefe do Executivo federal o fato de ele ter viajado em um jato Legacy, da Força Aérea Brasileira (FAB), na condição de ministro em exercício, para Davos, na Suíça, palco do Fórum Econômico Mundial, e, depois, para Nova Délhi, quando se juntou à comitiva presidencial.
O incômodo foi admitido pessoalmente, nesta terça-feira (28/1), no retorno a Brasília após viagem à Índia, no Palácio da Alvorada. No contato com a imprensa, Bolsonaro foi direto. Comentou sobre a viagem à Índia e, segundos depois, foi direto ao ponto sobre Santini. Incomodado com a situação, frisou não admitir a viagem feita em uma aeronave da FAB.
Disse que vai conversar com o titular da pasta, ministro-chefe Onyx Lorenzoni, mas sustentou que o 02 da pasta não escapará da demissão. “A questão do avião da Força Aérea, inadmissível o que aconteceu, tá. (Santini) Já está destituído da função de executivo do Onyx. Decidido por mim. Vou conversar com o Onyx e ver quais outras medidas podem ser tomadas contra ele. É inadmissível o que aconteceu, ponto final”, declarou.
O presidente lembra que, quando não era presidente da República, viajou para a Ásia em aviões comerciais e de classe econômica. A justificativa que chegou a seu conhecimento aponta que Santini precisou usar o avião da FAB em decorrência de uma reunião com ministros em Davos. “Essa desculpa não vale, tá ok?”, criticou. Para Bolsonaro, é inadmissível o gasto de recursos públicos da forma conduzida por Santini. “O que ele fez não é ilegal, mas é completamente imoral”, acusou.
Medidas suplementares
É praxe que ministros optem por viagens em companhias aéreas comerciais. Por esse motivo, Bolsonaro ficou desconfortável com a situação. Santini viajou acompanhado da secretária do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Martha Seillier, e da assessora internacional do PPI, a diplomata Bertha Gadelha. O Estado de São Paulo aponta que o custo de um deslocamento como o realizado por ele não sai por menos de R$ 740 mil.
A ideia, agora, é conversar com Lorenzoni o quanto antes para tomar a decisão final. A exoneração está decidida, por ele, mas vai entrar em contato com o titular sobre que outras medidas podem ser tomadas. “Da função de secretário (está exonerado), isso é decisão minha. Aguardo ainda conversar com o Onyx, não posso desprestigiar o ministro, né, vou ver os argumentos dele, e daí ver se teremos uma medida suplementar a isso aí”, afirmou Bolsonaro.
O presidente não bancou, contudo, se ele ficará impossibilitado de assumir outros cargos no governo e na própria Casa Civil. “Deixa de ser (secretário) executivo da Casa Civil. Isso está decidido. Vou conversar com o Onyx se tem mais alguma medida contra ele”, explicou.