Onde “pegou”
Em um ano de governo, o presidente Jair Bolsonaro não conseguiu criar um ambiente favorável junto à elite política e econômica da Europa. Sua ausência em Davos indica ainda que ele não tem paciência para fazer essa corte aos europeus, deixando a tarefa para o ministro da Economia, Paulo Guedes. A preocupação dos diplomatas, entretanto, é grande. Embora o ministro tenha “turma” nos bancos, não discutirá com os presidentes de igual para igual.
A esperança de parte da diplomacia brasileira era a de que Bolsonaro chegasse a Davos desfilando a maravilha de ter aprovado a reforma da Previdência, algo que a França não conseguiu. Esperava-se ainda uma resposta em termos de investimentos na economia sustentável, como a não aplicação de tarifas à energia solar. E o meio ambiente? Como o presidente não vai, a expectativa é a de que esse tema volte a reinar, da mesma forma como floresceu nas reuniões prévias da abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro, que não contaram com a participação do governo brasileiro. Pior para o Brasil.
Prévia preocupou...
Diplomatas que acompanharam as reuniões da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, na Alemanha, saíram com a certeza de que, por mais que os executivos do poder público se esforcem, não conseguem mudar a visão dos europeus de que o agronegócio brasileiro é predador.
… E por pouco não piora
Houve, entre os nossos embaixadores, quem estivesse se preparando para ter que socorrer a ministra em explicações sobre o desastroso discurso que derrubou o secretário da Cultura, Roberto Alvim. Mas, na avaliação deles, o governo agiu rápido e não foi preciso se explicar aos alemães. A nota do presidente Jair Bolsonaro tranquilizou os diplomatas.
Eletrobras, a próxima guerra
No retorno dos trabalhos do Congresso, os opositores da privatização da Eletrobras vão fazer carga em cima dos números apresentados pelo governo sobre a situação financeira da empresa a fim de justificar a operação. O alvo é o discurso do secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, sobre a União ter que colocar R$ 14 bilhões por ano na estatal, caso a privatização não seja feita a
curto prazo.
Tem nome e endereço
Quem vai chamar para a briga é o deputado Danilo Cabral (PSB-PE): “Que história é essa de que a Eletrobras precisa de dinheiro do governo? A Eletrobras dá lucro, paga dividendos à União e só não investe mais porque o governo não quer”. Assim como o ministro das Minas Energia, Bento Albuquerque, ele também vai conversar com os líderes partidários para esclarecer que a Eletrobras não é deficitária e mostrar dados sobre os prejuízos que a privatização da empresa e da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) podem trazer à segurança energética do país.
Rescaldo cultural/ Se o governo quiser provar que, realmente, não compactua com o totalitarismo, terá que mudar também a política do setor de Cultura, apresentada pelo ex-secretário Roberto Alvim. Pelo menos, os congressistas farão carga para mudanças na política.
Descompasso/ Os comandantes do Congresso, o deputado Rodrigo Maia e o senador Davi Alcolumbre, definiram como prioridade a reforma tributária, enquanto o governo quer apostar na administrativa. Alguém vai perder essa parada.
Musa maranhense/ ex-governadora Roseana Sarney (foto) está sob forte pressão de aliados para disputar a Prefeitura de São Luís. Resistirá enquanto puder.
Aguenta aí, embaixador!/ No meio diplomático, há quem esteja disposto a pedir a Nestor Forster que espere um pouco mais, antes de agir como embaixador em Washington. Embora tenha saído o agrément do governo dos Estados Unidos, ainda falta a sabatina, a votação na Comissão de Relações Exteriores do Senado, e no plenário.