O presidente Jair Bolsonaro confirmou, no início da tarde desta sexta-feira (17/1), a demissão de Roberto Alvim, até então secretário de Cultura do governo. No comunicado divulgado em redes sociais, o chefe do Executivo classificou o episódio como um "pronunciamento infeliz", que tornou "insustentável" a permanência de Alvim.
A exoneração já era esperada, de acordo com interlocutores próximos ao grupo político do Executivo. Fontes no Planalto, além da cúpula militar, consideravam como certa a saída do secretário de Cultura.
A causa da demissão foi um vídeo publicado no perfil oficial da Secretaria de Cultura, no Twitter, na noite de quinta-feira (16/1). No discurso, Alvim usou trechos de uma fala de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler.
Internautas perceberam, também, que a música de fundo escolhida para a publicação de Alvim é a ópera Lohengrin, de Richard Wagner, obra considerada pelo próprio Hitler como decisiva em sua vida.
Na nota, o presidente Jair Bolsonaro também dedicou espaço para repudiar "ideologias totalitárias e genocidas". O político manifestou "total e irrestrito apoio à comunidade judaica".
Confira a nota na íntegra:
"- Comunico o desligamento de Roberto Alvim da Secretaria de Cultura do Governo. Um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado, tornou insustentável a sua permanência.
- Reitero nosso repúdio às ideologias totalitárias e genocidas, bem como qualquer tipo de ilação às mesmas.
- Manifestamos também nosso total e irrestrito apoio à comunidade judaica, da qual somos amigos e compartilhamos valores em comum.
Presidente Jair Bolsonaro"
Repercussão
O vídeo de Alvim causou alvoroço nas redes sociais e, já na madrugada de sexta, era o assunto mais comentado no Twitter: os internautas não demoraram a relacionar o discurso do secretário com um discurso de Goebbels.
Durante a manhã, figuras do cenário político também se pronunciaram. O presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) pediu a "demissão imediata" do então secretário de Cultura. Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) — que é judeu — registrou repúdio e também pediu a saída de Alvim.
Outros parlamentares, como Erika Kokay (PT-DF), Marcelo Freixo (PSol-RJ) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também criticaram o teor do discurso. O ministro Dias Toffoli, do STF, repudiou a fala de Alvim, assim como o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, para quem o vídeo foi considerado antidemocrático.