O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, repudiou as declarações do secretário especial da Cultura do governo do presidente Jair Bolsonaro, Roberto Alvim, que fez um discurso semelhante ao ministro da propaganda de Adolf Hitler, fundador do nazismo.
Alvim citou frases idênticas a Joseph Goebbels, um dos idealizadores do nazismo. O discurso do secretário foi publicado nas redes dociais oficiais do Secretaria Especial de Cultura. Goebbels disse, no século XX, que a "arte alemã da próxima década será heroica” e “imperativa”. No vídeo, publicado na quinta-feira (16/1), Alvim afirmou que a “arte brasileira da próxima década será heroica” e “imperativa”.
Toffoli afirmou que o discurso é uma "inaceitável agressão". “Há de se repudiar com toda a veemência a inaceitável agressão que representa a postagem feita pelo secretário de Cultura. É uma ofensa ao povo brasileiro, em especial à comunidade e judaica”, disse o presidente do Supremo. O nazismo, sob ideias ensandecidas de Hitler e de Goebbels, pregava a existência de uma suposta raça ariana, formada por seres humanos brancos, nórdicos, sem deficiência e cristãos, contra o socialismo.
Nesta ideologia, proibida em várias nações, inclusive no Brasil, negros, gays, judeus e pessoas com deficiência, são vistos como impuros e que devem ser afastados do convívio social ou mortos. 11 milhões de judeus foram assassinados pelos nazistas no começo do século passado.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pediu a imediata demissão do secretário. "O secretário da Cultura passou de todos os limites. É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente do cargo", publicou o parlamentar no Twitter. O presidente Jair Bolsonaro, que nomeou Alvim e tem o poder de demití-lo, ainda não se manifestou. Mas o Correio apurou que o presidente decidiu pela saída dele.
Compare os discursos:
Roberto Alvim
“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada.”
Joseph Goebbels
“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada."