Inquérito da PolÃcia Federal (PF) afastou as hipóteses de "conflitos étnicos ou mesmo por emboscada de madeireiros" na morte do indÃgena Paulo Paulino Guajajara, assassinado em 1º de novembro de 2019 na terra indÃgena de Arariboia, localizada a cerca de 500 quilômetros de São LuÃs, capital do Maranhão. O Conselho Indigenista Missionário contesta a conclusão das investigações.
As investigações levaram à conclusão de que "o lamentável episódio se originou da troca de tiros motivada pela posse de uma das motocicletas utilizadas pelos não indÃgenas". A PolÃcia Federal pede o indiciamento de quatro pessoas, cujas identidades não foram divulgadas.
As investigações encerraram-se em 12 de dezembro, e contaram com exames médicos periciais, testemunhos e declarações dos envolvidos sobreviventes. O resultado do inquérito foi encaminhado à Justiça Federal em São LuÃs, juntamente com todas as provas colhidas.
O resultado final do inquérito contraria versão de Laércio Sousa Silva, Ãndio Guajajara que estava presente no confronto. Ele acabou baleado no braço, mas sobreviveu.
Laércio disse que eles foram vÃtimas de uma emboscada enquanto caçavam dentro do seu território. Segundo ele, quando pararam para tomar água, ouviram barulho no mato e logo em seguida os tiros.Na ocasião, o não indÃgena Márcio Gleik Moreira Pereira também morreu.
Indigenistas repudiam inquérito
O Conselho Indigenista Missionário acusa a PolÃcia Federal de "desconsiderar uma história de mais de 40 anos de conflitos com madeireiros nesse território, ao longo dos quais os indÃgenas vêm sendo assassinados e tendo seus territórios destruÃdos sem que nenhum assassino seja punido".
A nota segue. "Ao desprezar o contexto de violência e de violações aos direitos e territórios indÃgenas, mesmo quando se trata de terras indÃgenas já demarcadas, a PolÃcia Federal demonstra sua opção polÃtica pela criminalização dos povos e de seus processos de luta por direito e por território, naturaliza o racismo institucionalizado pelo Estado e acaba por reforçar, com esta posição, as polÃticas de extermÃnio dos povos originários."
O Conselho termina exigindo que as vozes dos próprios povos seja considerada na investigação, e espera que acabe a impunidade "dos que matam e mandam matar".
A nota conclui: "repudiamos ainda a atuação de parte da mÃdia que, ao reproduzir os argumentos falaciosos, reforça a criminalização e a posição desse governo e desse Estado etnocida."