Politica

Temor de disparada dos preços nas bombas



Os consumidores estão apreensivos com uma possível disparada dos preços da gasolina, caso a tensão no Oriente Médio se agrave e perdure por muito tempo. A crise na região ganhou dimensões inesperadas depois de um ataque aéreo feito pelos Estados Unidos ao aeroporto de Bagdá, no Iraque, que matou o major-general Qasem Soleimani, responsável pela crescente influência militar do Irã no Oriente Médio e um herói entre muitos iranianos e xiitas da região. Ontem, o preço do barril do petróleo tipo Brent avançou 3,64%.

Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), Paulo Tavares, as promoções que os postos estão realizando pode ser derrubada com o possível aumento nas refinarias. Ele avisou que, se os preços aumentarem, não haverá alternativa aos postos senão repassar a alta para os consumidores. Tavares disse que o repasse poderá ser mais rápido, porque os estoques dos postos estão acabando. Assim, se o combustível que chegar já vier com aumento, os motoristas devem preparar o bolso.

Tavares espera que o governo faça jus ao prometido: atrelar o preço do barril às variações da moeda americana não só quando está em alta. “O dólar baixou e não houve nenhum movimento da parte do governo. Já são quase dois meses sem reajuste, sendo que o dólar baixou para caramba”, destacou.

Ao longo do ano passado, a gasolina ficou, em média, 4,85% mais cara nas bombas, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP). O litro do combustível subiu de R$ 4,34 no fim de 2018 para R$ 4,55 ao término de 2019. No entanto, o etanol teve elevação maior, com reajuste de 11,51% em 2019. A Petrobras não quis se pronunciar quanto à possibilidade de aumento do preço do barril nas refinarias.

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O consumidor brasiliense já começou a correr aos postos para abastecer antes do possível aumento. No DF, o menor preço pode ser encontrado a R$ 4,31, no Posto Petrolino, em Taguatinga Centro. Já os maiores estão nos postos da Asa Norte, que vendem o litro da gasolina por R$ 4,49.

De quinta para sexta feira, alguns postos reduziram o preço do litro da gasolina na Asa Norte. O JarJour e o Petrobras, das quadras 206 e 208, abaixaram de R$ 4,49 para R$ 4,43. Os postos Petrobras das quadras 212 e 214 também fizeram o mesmo, de R$ 4,44 e R$ 4,43, respectivamente, para R$ 4,42.

A bancária Sonia Bonincontro, 67 anos, disse que o preço ficou bem mais alto nos últimos tempos. “Eu consumo dois tanques por mês e isso acaba pesando muito no meu orçamento”, frisou. Ela destacou que em Brasília não se vive sem carro. “Pode ser que acabemos ficando presos em casa. Podemos até tentar diminuir as saídas ou organizar de alguma outra forma para não comprometer o orçamento.”

Ela acredita que com a crise entre os Estados Unidos e o Irã, não só o preço da gasolina vai subir, mas também o valor do botijão de gás. “Isso pode ter muita influência nos preços. Acho que vai refletir bastante.”

O engenheiro mecânico Eduardo Valente, 65, sentiu o aumento do preço do diesel ao longo ano. “Em janeiro do ano passado, abasteci por R$ 3,20 o litro. Agora, está quase R$ 4”, contou. Segundo ele, a saída para que o brasileiro pare de gastar com combustível são os carros elétricos. “Na Inglaterra, a venda de carros elétricos supera a venda a de carros por combustão. Aqui no Brasil, a venda em massa nem começou. Não sei se por falta de planejamento do governo ou por falta de interesse mesmo”, ressaltou. “Lá fora, as empresas compram o carro elétrico por US$ 30 mil. Se o dólar estiver a R$ 4 aqui, o carro sai por R$ 120 mil, mas vendem por mais de R$ 200 mil, para impedir que o povo tenha acesso e para que continuemos reféns dos preços enormes da gasolina”, criticou.

*Estagiários sob a supervisão de Cida Barbosa

“Podemos até tentar diminuir as saídas ou organizar de alguma outra forma para não comprometer 
o orçamento”
Sonia Bonincontro, bancária