Uma discussão pelo Twitter entre Leonardo Boff e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, iniciada na quarta-feira (1º/1), prosseguiu nesta quinta-feira (2/1), com a postagem de uma foto dedicada pelo filósofo ao integrante do governo Bolsonaro.
Na imagem, Boff aparece ao lado do papa Francisco, 47 anos atrás. "Esta foto, que o Papa me mandou desde Roma, vai para o arquivo do ministro @ernestofaraujo. É de 1972 e todos trabalhávamos em favelas, muitos presos e mortos. Ele é o terceiro da direita, eu o segundo da esquerda", escreveu o teólogo.
A troca de farpas entre os dois começou após Boff criticar a mensagem de Araújo para o ano-novo. A mensagem dizia: "É preciso continuar trabalhando contra o mecanismo esquerdista e não basta fazê-lo dentro do Brasil. Há que combater na frente externa pois a esquerda sempre é transnacional. Lulopetismo%2bisentoleft são expressões de um projeto de poder global e globalista".
Ao ler a mensagem, o ex-padre Leonardo Boff, expoente da Teologia da Libertação, respondeu que o "Brasil jamais passou tanta vergonha com suas invenções sem nenhuma base séria senão fruto de um preconceito anti-humano e anti-vida".
"Troca de acusações"
O ministro não deixou que a história se encerrasse aí. Em uma série de três tuítes, Araújo culpou Boff pela migração de fiés católicos para a igreja protestante e disse que o filósofo tentava destruir a Igreja.
"Você e seus amigos, ao tentarem transformar a Igreja Católica em linha auxiliar do PT, perderam o povo. Mas não desistem. Tendo abandonado os pobres, agora tentam a ecologia como instrumento. Tentam de tudo. Não descansarão enquanto não tiverem conseguido destruir a Igreja", escreveu o chanceler.
Ele ainda acrescentou que, como católico, nunca a fé foi tão rebaixada quanto é pelo pensamento de Boff.
Católico, sim; cristão, não
A discussão continuou nesta tarde, quando Boff disse que o ministro pode ser católico e conservador, mas "cristão não é, pois um cristão não mente e calunia como faz".
Em seguida soltou elogios ao papa Francisco. "Ele vem do caldo da Teologia da Libertação que privilegia os pobres o cuidado da Casa Comum. Desde 1972 trabalhamos juntos nesta linha e o recordou em recente carta". Por fim, no mais recente tuíte, Boff publicou a fotografia em que aparece com o papa.