A disposição do Congresso é de manter o protagonismo na definição da agenda, avaliam especialistas. Em 2019, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, teve todo o reconhecimento na aprovação das medidas importantes, como a reforma da Previdência, considerada uma das maiores vitórias do ano. No dia em que a PEC 286/2019 foi aprovada em segundo turno, o parlamentar fez um discurso simbólico em defesa do protagonismo do Congresso. Foi aplaudido de pé e chegou a chorar no púlpito do plenário.
O analista político César Alexandre de Carvalho, da CAC Consultoria, acredita que, em 2020, a dinâmica vai ser parecida. ;O governo, em si, não tem articulação política suficiente para conseguir passar o que bem entende, da forma que bem entende;, destacou. ;Desde o início, não tem distribuição de poder na Esplanada dos Ministérios que faça os partidos se sentirem representados. Pauta que for do interesse da centro-direita passa, mas, se for de interesse só do governo, não passa.;
O próprio racha no PSL expôs esse quadro, aponta o especialista. Mesmo com todas as discussões intensas entre integrantes do partido, com a expulsão de 13 deputados da legenda, as votações não foram impactadas. ;Vota-se de acordo com o que a centro-direita quer, não com o que o PSL entende ser melhor ou com a pauta do presidente;, explicou Carvalho.
O analista político Thiago Vidal, da consultoria Prospectiva, lembra, ainda, que o Congresso garantiu maior autonomia durante 2019, com a aprovação de medidas que descolam o Legislativo do Executivo, como o Orçamento Impositivo. ;Agora, os parlamentares estão mais independentes, de certa forma. Não há nada no horizonte que mostre que a relação com o governo vai ser melhor;, afirmou.
O cientista político Sérgio Praça, da Fundação Getulio Vargas (FGV), lembrou que ajuda o governo o fato de o Congresso atual ser bastante conservador. ;Se fosse uma Câmara mais moderada, mas com um presidente da República mais de direita, complicaria. Mas as pautas econômicas têm tido uma grande facilidade, porque são as mesmas do Congresso;, argumentou. É basicamente o que o novo líder do PSDB na Câmara, Celso Sabino (PA), afirmou, ao assumir o cargo: ;Enquanto ele enviar pautas favoráveis ao Brasil, estaremos juntos. Mas para radicalizar, não terá nosso apoio;. (AA)
"Vota-se de acordo com o que a centro-direita quer, não com o que o
PSL entende ser melhor ou com a pauta do presidente;
César Alexandre de Carvalho,
analista político
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