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Juiz homologa delação de hacker acusado de invadir celular de Moro

Luiz Henrique Molição deve apresentar documentos que comprovam a participação dos demais e prestar informações sobre como contas de autoridades no Telegram foram acessadas ilegalmente

[FOTO1]O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10; Vara Federal de Brasília, homologou o acordo de delação premiada do hacker Luiz Henrique Molição, acusado de participar da invasão aos celulares de diversas autoridades.

Entre os alvos dele e dos demais envolvidos, de acordo com a Polícia Federal, estão o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o coordenador da força-tarefa da Lava-Jato no Paraná, Deltan Dallagnol.

O hacker concordou em detalhar o esquema ao Poder Judiciário, e apresentar provas e documentos que detalhem como ocorria a invasão aos celulares e quais conteúdos foram extraídos. Por conta do acordo, ele deve deixar a prisão e responder o processo em liberdade.

Ele é alvo de um inquérito da PF, junto com Walter Delgatti, apontado como líder do grupo, e outros suspeitos. O magistrado concedeu mais 15 dias para que a corporação conclua as investigações. O acordo foi homologado na noite de segunda-feira (02). Os presos foram alvo da Operação Spoofing, deflagrada pela PF.

Walter confessou à polícia ter entrado em contato com o jornalista Gleen Grenwald, do site The Intercept. Em depoimento, o invasor afirmou que não recebeu nenhum tipo de pagamento pelas informações. Gleen afirmou que "não fala sobre suas fontes" e que o sigilo da fonte "é direito constitucional do jornalista". O The Intercept publicou uma série de reportagens sobre diálogos trocados entre Moro e procuradores da Lava-Jato, que indicam parcialidade na condução de processos.

As publicações do site são usadas como um dos fundamentos usados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar anular o processo relacionado ao triplex do Guarujá, que o levou para a cadeia no ano passado.

Depoimento

Luiz Henrique Molição prestou depoimento à PF em 25 de outubro deste ano. Ele afirmou que Walter lhe mostrou mensagens que teriam sido trocadas por procuradores da Lava-Jato. Ele também afirmou que o teor das mensagens "revelavam uma conduta incompatível com o exercício das funções" dos agentes públicos.

Ele também revelou que Walter lhe contou ter acesso a conta do ministro Sérgio Moro no Telegram. Ainda de acordo com Molição, o hacker Walter Delgatti recebia ajuda do programador Thiago Martins, o ;Chiclete;, sediado em Brasília, para invadir os perfis das autoridades no aplicativo. Thiago também está preso.