Jornal Correio Braziliense

Politica

Embate recente com DiCaprio


A polêmica mais recente foi a possibilidade aventada pelo governo de exportar madeira in natura da Amazônia, o que é proibido desde 1983, com exceção de uma única espécie. Bolsonaro também se viu no meio de uma polêmica com o ator americano Leonardo DiCaprio na semana passada. O presidente o acusou de colaborar com queimadas criminosas na Amazônia por meio de doações à WWF, ONG que atua na área ambiental. Em nota, DiCaprio negou ter feito doações a ONGs citadas em investigações sobre incêndios florestais no Brasil.

Dados do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGVces) apontam que o Brasil tem a maior extensão de florestas tropicais e a segunda maior cobertura florestal do mundo, uma área equivalente a 516 milhões de hectares (Mha). Desse total, 56% (290 Mha) são florestas públicas e menos de 7% (34 Mha) destinados à produção florestal. O país também é o terceiro maior produtor de madeira no mundo, com produção total estimada em 30 milhões de metros cúbicos (m3) de tora, sendo que a região amazônica concentra a produção de madeira nativa, ao passo que a produção proveniente de plantações ocorre no Sudeste e no Sul.

No entanto, segundo a diretora executiva da FSC ; Conselho de Gestão Florestal (Forest Stewardship Council na sigla em inglês), Aline Tristão Bernardes, apenas 1,2 Mha está sob concessão, onde o manejo sustentável garante um desmatamento responsável e agregação de valor à cadeia da madeira. ;O sistema é de baixo impacto e tem certificação. Os mecanismos existem, mas precisam ser implementados e respeitados;, diz.

Indicadores

O licenciamento do manejo sustentável permite a retirada de três a cinco árvores por hectare a cada 10 anos, com vários indicadores que devem ser cumpridos. ;Existem muitas madeireiras responsáveis, certificadas. A legislação inclusive criminaliza o importador se as regras não são obedecidas;, conta.

A engenheira florestal Anna Fanzeres ressalta que o manejo permite explorar a floresta sem desmatar e as áreas têm de ser recuperadas. ;É possível e viável economicamente. Porém, ao competir com o desmatamento ilegal, se retira toda a possibilidade de agregar valor à cadeia;, afirma. Segundo ela, o Serviço Florestal brasileiro, hoje no Ministério da Agricultura, estabelece as concessões. ;É preciso estabelecer uma agenda positiva para ampliar o manejo florestal e reduzir o desmatamento. É uma decisão política;, avalia. (CD e SK)