Desempregado, Aureliano Vieira da Silva, 63 anos, está desempregado, e uma dor constante que sente nas pernas dificulta que ele consiga trabalho. Morador da Estrutural, recebe um benefício mensal de R$ 91,00. Ele não tem acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), que transfere um salário mínimo a idosos em situação de extrema pobreza, a partir de 65 anos, e a deficientes. ;Não consigo me manter com o benefício. Preciso de ajuda. Não tenho muitos sonhos, mas, se pudesse, queria ter uma aposentadoria;, disse Aureliano ao Correio, enquanto aguardava atendimento no Cras, unidade de assistência social na Estrutural.
Ele conta que, às vezes, consegue fazer bicos. ;Quando minha saúde permite, eu faço uns bicos de pedreiro. Mas nada muito pesado, pois não dou conta de carregar saco de cimento, areia e subir escadas;, relata.
Mãe de quatro filhos e avó de três, Juciléia Alves de Jesus, de 42 anos, também usuária do Cras, recebe o Bolsa Família. ;Não dá para o básico. Falta gás e, muitas vezes, o que comer;, diz. Ela conta que o marido foi embora quando as crianças eram pequenas. Seu sonho: ;morar em uma casa que não seja de madeira e que não alague;.
;O arranjo de seguridade social está todo vinculado ao trabalho. Quando se pensou no BPC, foi para pessoas que são estruturalmente vulneráveis, como deficientes e idosos, excluídos do mundo do trabalho. Foi a grande conquista da Constituição de 1988. Nosso grau máximo de civilidade, o entendimento de que há um segmento que o mercado não vai absorver. E, com o aumento da longevidade e a tecnologia, esse contigente vai aumentar;, diz Ieda Maria Nobre, doutora em política social e ex-secretária nacional de assistência social (2015- 2106).
*estagiário sob supervisão de Cláudia Dianni