A afirmação de que a questão climática deve ser tratada com respeito à soberania dos países, incluída na declaração final da 11; Cúpula do Brics, foi considerada pelo governo como uma das conquistas obtidas pelo país nas reuniões mantidas pelos chefes de Estado dos países-membros do bloco nos últimos dois dias. O tema é caro ao Brasil por causa das recentes queimadas na Amazônia. O Planalto anotou com satisfação também as referências à necessidade de reformas para impulsionar o desenvolvimento, e de combater a corrupção e o crime organizado internacional. De acordo com fontes próximas ao presidente Jair Bolsonaro, ele se sente respaldado por alguns dos principais parceiros comerciais e potências emergentes a insistir junto ao Congresso para avançar nas votações de matérias de interesse do Executivo.
Devido a divergências políticas, a declaração conjunta não mencionou as crises de Venezuela, Chile e Bolívia, embora conflitos em outras regiões do mundo, como na Palestina, tenham sido elencados entre as preocupações dos integrantes do bloco. Ao tratar das questões econômicas, o documento parte da premissa de que as reformas contribuem para o crescimento dos países. E destaca que as nações do Brics ; Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul ; foram as principais impulsionadoras do crescimento global na última década, e representam, hoje, um terço da produção global. ;Estamos convencidos de que a contínua implementação de reformas estruturais aumentará nosso potencial de crescimento. A expansão do comércio entre os membros do Brics contribuirá ainda mais para fortalecer os fluxos de comércio internacional;, diz o comunicado final do encontro.
Em discurso na reunião plenária, Bolsonaro comentou o esforço para reforçar a atuação do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), o banco do Brics, de modo a atender as demandas do setor privado. A instituição tem uma carteira de projetos de US$ 10 bilhões, mas o potencial para aumentar essa cifra é grande. À noite, ao chegar ao Palácio da Alvorada, ele voltou a celebrar. ;A presença (dos chefes de Estado) demonstra que o Brasil é um país sério e que tem muito a oferecer a eles, e eles a nós.;
Crime organizado
O Brics também deixou encaminhada a convergência pelo multilateralismo na discussão dos problemas globais. O presidente da China, Xi Jinping, comemorou. ;O aumento do protecionismo e unilateralismo cria deficit de desenvolvimento de governança, de conhecimento, e crescentes incertezas, que são fatores de desestabilização na economia mundial;, avaliou. O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, defendeu a exportação de produtos de maior valor agregado, pelos países emergentes, como forma de erradicar a miséria e o desemprego.
O combate ao terrorismo e ao crime organizado foi outra pauta defendida pelo bloco. Na avaliação do Planalto, o discurso favorece o governo, que tenta emplacar, no Congresso, o pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro. A agenda foi comentada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin. ;Invariavelmente temos apoiado iniciativas e uma visão compartilhada em série de questões, como promoção da paz, combate a ameaças terroristas e crime organizado;, afirmou. O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, endossou o discurso. ;Nós já estamos um pouco mais distantes de um risco tão próximo de uma guerra mundial, no entanto, o terrorismo continua sendo uma grave ameaça a todos os nossos países. Nos últimos anos, 225 mil vidas foram perdidas para o terrorismo.;
;A presença (dos chefes de Estado) demonstra que o Brasil é um país sério e que tem muito a oferecer a eles, e eles a nós;
Jair Bolsonaro, presidente da República