O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou ontem a prisão temporária da ex-presidente Dilma Rousseff, do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, do ex-presidente do Senado Eunício Oliveira, do ex-senador Valdir Raupp e do ministro Vital do Rêgo, do Tribunal de Contas da União. O pedido foi feito pela Polícia Federal, no curso de ação deflagrada ontem para investigar o repasse de R$ 40 milhões para políticos do MDB, segundo delatores da J.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi intimado na sala da PF em que está preso, em Curitiba, a prestar depoimento. Assim como Eunício, cuja prisão foi negada, será chamado a dar esclarecimentos.
Para fundamentar a solicitação, os investigadores afirmaram que as prisões seriam necessárias para impedir interferências e garantir a continuidade das diligências. Ao ser consultada, a Procuradoria Geral da República (PGR) também foi contra a restrição de liberdade, alegando que ;não há evidências de que, em liberdade, os investigados possam atrapalhar a execução das medidas de busca e apreensão;.
As investigações começaram em 2017 e apuram se tais recursos teriam sido usados para comprar o apoio político do MDB para a reeleição de Dilma, em 2014. Delatores da J afirmaram que a ex-presidente sabia dos repasses e anuiu com os desvios.
Também foram alvo da operação os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Eduardo Braga (MDB-AM) e Jáder Barbalho (MDB-PA). O governador do Pará, Hélder Barbalho, filho de Jáder, também está entre os investigados. De acordo com a PF, os envolvidos teriam cometido os crimes de corrupção passiva, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A PF cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços de empresas, advogados e de pessoas ligadas aos senadores, e também nos endereços pessoais dos três parlamentares.
Braga esteve no Palácio do Planalto pela manhã, onde se reuniu com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, no momento em que as equipes policiais estavam nas ruas. Ele confirmou ter recebido a intimação e afirmou que vai colaborar com as autoridades.
Por meio da assessoria, Renan informou ;que está à disposição e que é o maior interessado no esclarecimento dos fatos;. A defesa de Vital informou que "atenderá à solicitação do depoimento, colaborando com a justiça, como sempre tem feito.;
Jader e Mantega disseram que vão prestar todos os esclarecimentos necessários. Da parte de Hélder, garantiu que a ;campanha a governador foi realizada somente com recursos oficiais, devidamente registrados;. O grupo J não se pronunciou.
A ex-presidente emitiu nota registrando que ;Ainda bem que prevaleceu o bom senso e a responsabilidade do ministro responsável pelo caso no STF, assim como do próprio Ministério Público Federal.;
"O pedido de prisão é um absurdo diante do fato de não ser ela mesma investigada. (...) Uma oportuna cortina de fumaça;
Trecho da nota da ex-presidente Dilma Rousseff