Luiz Calcagno
postado em 05/11/2019 13:39
[FOTO1]A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News ouvirá, na tarde desta terça-feira (5/11) o jornalista Allan dos Santos, fundador do blog conservador Terça Livre. Na semana passada, em seu depoimento, o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) acusou o jornalista de comandar uma rede de notícias falsas e grupos de ataques virtuais.
Allan dos Santos foi convocado pelo senador petista Rui Falcão (SP). Em seu perfil no Twitter, o jornalista postou vídeos a caminho da Câmara, e chegou à reunião com uma blusa amarela com os dizeres "meu partido é o Brasil". Rui Falcão fez o requerimento acusando o site de propagar fake news e por conta da proximidade do jornalista com a família Bolsonaro.
Esse é o principal depoimento da semana, tendo em vista que, nesta quarta-feira (6), os depoimentos serão técnicos, de especialistas em checagem de fatos. Entre os convocados estão os donos dos portais e-farsas e boatos.org. Outro depoimento aguardado, que deve ocorrer em 12 de novembro, é o da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), ex líder do governo no Congresso.
Joice afirmou que apresentará prints de grupos de Whatsapp de grupos bolsonaristas planejando os ditos linchamentos virtuais contra parlamentares. No último depoimento, Alexandre Frota apresentou diversos prints, principalmente do Twitter, que comprovariam que Allan, o astrólogo e escritor Olavo de Carvalho, além de assessores de Jair Bolsonaro estariam por trás dos ataques em massa feitos contra adversários do presidente da República.
O depoimento do jornalista Allan dos Santos, a 9a reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, ocorre sob bate-boca entre parlamentares e intromissão de presentes na Platéia. Na última sessão, em 30 de outubro, quando depôs o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), manifestantes ergueram cartazes chamando Frota de ;traíra;. Dessa vez, outro grupo reage positivamente às alegações do convocado, e negativamente quando a oposição faz perguntas ou acusações.Depoimento
A oposição acusa o depoente de tergiversar na maioria das respostas e governistas defendem o direito de Allan dos Santos em responder somente o que quiser. O dono do Terça-Livre se recusou a responder algumas perguntas. Como, por exemplo, as acusações divulgadas pelo site sobre um suposto ataque cardíaco do jornalista Glenn Greenwald, dono do Intercept, por uso de cocaína. Ele afirmou que somente Glen poderia interpelá-lo ou processá-lo.
Respondeu o mesmo a respeito de uma matéria que ligaria o ex-vocalista do Pink Floyd, Roger Waters a um esquema de corrupção do PT. Também usou da palavra para provocar parlamentares. Quando o senador Humberto Costa (PT-RS) discursava com direito de resposta sobre o perigo das fake news, Allan Santos citou ;Celso Daniel;, no microfone. O ex-prefeito de Santo André morreu assassinado em 20 de janeiro de 2002 e, recentemente, aventou-se que o ex-presidente Lula seria o mandante do crime.
O presidente da CPMI, senador Ângelo Coronel (PSD-BA) chamou a atenção de Allan Santos. Em outros momentos, também, pediu que ele não se direcionasse de forma desrespeitosa aos parlamentares. As intromissões entre os próprios parlamentares também foram constantes. Principalmente vinda de deputados do PSL. O encontro, que teve início por volta de 13h10, só tranquilizou às 16h, após o início das falas dos deputados do PSL. O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) acusou o jornalista de comandar uma rede de notícias falsas e grupos de ataques virtuais. Allan dos Santos foi convocado pelo deputado petista Rui Falcão (SP).