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O inquérito que apura as circunstâncias das mortes da vereadora carioca Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes ganhou ontem novo capítulo com o afastamento da promotora Carmen Eliza Bastos de Carvalho, que integrava o trio do Ministério Público do Estado do Rio que apura caso. O motivo foi a repercussão negativa causada pelo seu apoio ao presidente Jair Bolsonaro, na campanha eleitoral de 2018, manifestado em redes sociais pessoais, o que a levou a pedir para deixar a investigação do duplo homicídio.
Por carta, a promotora se defendeu da acusação de suposta imparcialidade na condução do caso e explicou que optou por não mais atuar no inquérito ;em razão das lamentáveis tentativas de macular minha atuação séria e imparcial, em verdadeira ofensiva de inspiração subalterna e flagrantemente ideológica;.
;Sempre pautei minha atividade profissional pela correta aplicação da lei, nunca me afastando, por qualquer motivo, dos elementos do processo e da verdade dos fatos;, explicou Carmen Eliza.
Ela ainda se manifestou dizendo que ;a liberdade de expressão deve ser por todos respeitada;. ;É igualmente certo que a opção política de cada pessoa, a exemplo de suas ideologias, deve ser exercida no campo próprio, no legítimo exercício da cidadania. O promotor de justiça não perde a sua qualidade de cidadão. A exemplo da vida, a liberdade e a honra de todos nós devem ser igualmente respeitadas;, frisou.
Em comunicado, o MPRJ garantiu que a Corregedoria-Geral do órgão vai apurar as publicações feitas por Carmen Eliza nas quais ela presta apoio eleitoral a Bolsonaro. A promotora usou as redes sociais para postar foto em que utiliza uma blusa estampada com o rosto do presidente, e para comemorar a vitória dele no pleito presidencial. ;O Brasil venceu!! 57,7 milhões! Libertos do cativeiro esquerdopata;, escreveu, depois do resultado das eleições no segundo turno.
De acordo com a instituição, Carmen Eliza havia sido escolhida para atuar na ação penal em que são réus Ronnie Lessa, apontado como o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson, e Élcio Queiroz, indicado como o motorista do carro usado na emboscada, ;por critérios técnicos, pela sua incontestável experiência e pela eficácia comprovada de sua atuação em julgamentos no Tribunal do Júri;.
Segundo o MPRJ, os pais de Marielle e a viúva de Anderson até defenderam a permanência da promotora à frente do processo penal.
"O promotor de justiça não perde a sua qualidade de cidadão. A (...) honra de todos nós deve ser igualmente respeitada;
Carmen Eliza Bastos, justificando seu apoio a Bolsonaro como eleitora