Na entrevista ao jornal, Aras ainda afirma que tanto a Procuradoria-Geral da República (PGR) quanto o Supremo Tribunal Federal (STF) arquivaram uma notícia de fato enviada à Corte pelo Ministério Público Federal no Rio de Janeiro que alertava sobre a menção do nome do presidente no inquérito policial que apura os dois assassinatos.
;Por si só, a notícia de fato (que chegou ao STF) já encerrava a solução do problema. (O arquivamento ocorreu) porque não tinha nenhuma hipótese (de investigação do presidente Bolsonaro) a não ser a mera comunicação (do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro ao STF);, declarou Aras, que recebeu os registros das ligações feitas pela portaria do condomínio aos imóveis do conjunto habitacional em 14 de março de 2018, data das mortes. "Não há menção ao presidente", garantiu.
O chefe da PGR também disse que vai apresentar ao mesmo Ministério Público Federal no Rio de Janeiro o pedido do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, para que o porteiro do condomínio seja investigado pela declaração na qual cita Jair Bolsonaro. Moro solicitou o inquérito para apurar a existência dos possíveis crimes de obstrução de Justiça, falso testemunho ou denunciação caluniosa
;O que existe agora é um problema novo, o factoide que gerou um crime contra o presidente;, disse o procurador-geral da República.
Ao portal G1, Aras acrescentou que Bolsonaro "é vítima". "Não havendo indícios da participação de autoridades de foro ; pois o presidente é vítima, não é investigado, não é réu, nem nada ; quem tem prerrogativa de investigar é a Polícia Federal e o MPF do Rio. Recebi hoje e vou enviar para o MP Federal do Rio."
Na terça-feira (29/10), o Jornal Nacional revelou que um porteiro do condomínio mencionou Bolsonaro em depoimento à polícia. De acordo com o relato do funcionário, Élcio Queiroz, um dos suspeitos de participar das mortes de Marielle e Anderson, que se reuniu com o ex-policial Ronnie Lessa, acusado de cometer os crimes, teria alegado no momento de entrar no condomínio que iria até a casa de Bolsonaro, que naquele dia estava na Câmara dos Deputados.
Segundo o depoimento, depois que Élcio se identificou na portaria, ele ligou para confirmar se o visitante tinha autorização para entrar. Disse também que identificou a voz de quem atendeu como sendo a do "seu Jair".