O prefeito Bruno Covas (PSDB) teve o diagnóstico de um câncer no estômago confirmado nesta segunda-feira, 28, à tarde, e terá que passar por quimioterapia imediata. O tumor sofreu metástase (se espalhou) para o fígado e para linfonodos da região abdominal. Covas, de 39 anos, não pedirá licença para fazer o tratamento.
Covas irá despachar a partir do Hospital Sírio-Libanês, com concordância da equipe médica. Ele possui um tablet configurado para validar a assinatura eletrônica de documentos. As visitas, entretanto, estão restritas a pessoas autorizadas por ele e seus familiares. "Nosso conselho é que ele não se desgaste politicamente recebendo todos", disse o cirurgião Raul Cutait, um dos profissionais encarregados do tratamento.
O prefeito é pré-candidato de seu partido à reeleição, no ano que vem, e não deve deixar o centro médico ao menos até o fim desta semana. Diante do avanço da doença para outros órgãos, a equipe médica informou que a quimioterapia seria iniciada imediatamente.
Os secretários municipais têm marcada uma reunião para esta terça-feira, às 8 horas, que terá a participação do prefeito à distância, em que ele deve orientar a equipe a manter a agenda de compromissos, incluindo inaugurações.
Pelo Instagram, Covas disse não ter dúvidas de que vai "vencer o desafio" e agradeceu mensagens de apoio. "Ajuda muito a atravessar a tempestade", escreveu. Se quiser, ele pode se licenciar temporariamente e o cargo passaria a ser ocupado pelo presidente da Câmara municipal, Eduardo Tuma (PSDB). Se o posto ficar vago, um novo prefeito é eleito indiretamente pelos 55 vereadores até o fim do mandato.
Câncer
A equipe médica coordenada pelo infectologista e ex-secretário estadual da Saúde David Uip informou nesta segunda que o câncer teve início na cárdia, espécie de válvula que faz a ligação entre o esôfago e o estômago. Entre suas funções está a de impedir que o alimento volte depois de chegar ao estômago.
Segundo o oncologista Tulio Pfiffer, que também integra a equipe, serão realizadas inicialmente três sessões de quimioterapia, com intervalo de 20 dias entre elas. "Exames complementares estão sendo feitos, mas os resultados demoram de duas a três semanas. A partir deles, poderemos refinar o tratamento, se necessário", afirmou.
A equipe não descarta a necessidade de cirurgia, mas como já há focos de tumor em outros órgãos, a quimioterapia é o tratamento mais indicado, afirmou Renata D'Alpino, coordenadora dos tumores gastrointestinais e neuroendócrinos do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. "Se a doença já está na corrente sanguínea, mesmo que a cirurgia seja factível, ela não faz sentido porque não atacaria todos os focos. A quimioterapia é a melhor conduta para casos como esses", disse.
Segundo Uip, apesar da metástase e da gravidade do caso, o tumor foi descoberto precocemente e o fato de o prefeito ser jovem e saudável aumentam as chances de sucesso do tratamento. "Ele está disposto e muito animado", disse. A doença, porém, foi considerada "traiçoeira" pelos médicos por não ter se manifestado por meio de nenhum sintoma prévio.
Covas foi internado inicialmente para tratar de um erisipela, uma inflamação de pele causada por bactérias. No hospital, os médicos descobriram que havia uma trombose na perna. Essa trombose, por sua vez, migrou para o pulmão. Os médicos então decidiram continuar a investigação clínica e, em um exame pet scan, descobriram tumores no trato digestivo.
De acordo com Pfiffer, o tumor de Covas (adenocarcinoma de cárdia) não é raro, mas é pouco comum em pessoas jovens. "Acomete mais pessoas a partir dos 55 anos", disse. Esse tipo de tumor não tem relação com o câncer de bexiga que matou seu avô, Mário Covas, em 2001.
Apoio
Diante da confirmação de que os tumores do prefeito Bruno Covas são malignos e se espalharam pelo aparelho digestivo, aliados e adversários políticos do tucano publicaram votos de recuperação pelas redes sociais. O governador João Doria (PSDB), de quem Covas era vice, o visitou no Hospital Sírio-libanês nesta segunda. Os vereadores da cidade devem publicar, em conjunto, nesta terça, uma nota de apoio.
A deputada federal Joice Hasselmann (PSL) pré-candidata à Prefeitura, escreveu no Twitter que recebia "com tristeza" a noticia. "Receba minha solidariedade. Rogo a Deus que possa se recuperar o mais rápido possível." Pré-candidato pelo PT, o ex-secretário municipal de Transportes Jilmar Tatto publicou texto em que desejou "força" ao prefeito: "Você vai vencer essa batalha". O pré-candidato do Novo Filipe Sabará desejou "saúde e uma boa recuperação" a Covas. Já o ex-governador e pré-candidato Márcio França (PSB) chamou Covas de "amigo", postou uma foto com ele e também desejou pronta recuperação. O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) desejou "pronto restabelecimento" ao prefeito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.