O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o governo a rever e a anular anistia concedida a 2,5 mil cabos que foram desligados da Força Aérea Brasileira (FAB) durante o regime militar. Uma portaria, publicada em 1964, limitou a oito anos o tempo de serviço para quem ingressasse na força sem a realização de concurso público. Por seis votos a cinco, na sessão de ontem, os ministros entenderam que o governo pode abrir procedimento administrativo, concedendo ampla defesa, para avaliar cada anistia concedida.
No entanto, a Corte determinou que não haja a devolução dos valores que já foram pagos a título de indenização por perseguições durante a ditadura, mesmo que o benefício seja apontado como irregular. No entanto, os pagamentos futuros podem ser suspensos. A Comissão da Anistia concedeu as pensões aos militares que alegaram que o desligamento da Força Aérea, após os oito anos de serviço, ocorreu por "motivação exclusivamente política;. No plenário do Supremo, a Advocacia Geral da União (AGU) afirmou que os desligamentos ocorreram puramente por conta do tempo de serviço e não por perseguição.
A AGU alegou , ainda, que a FAB, mesmo tendo contingente menor, registrou um número de anistias concedidas acima das registradas no Exército Brasileiro. De acordo com a AGU, outros 10 mil processos aguardam aval da Comissão da Anistia e que se todos forem aprovados, o governo terá que desembolsar R$ 43 bilhões dos cofres públicos nos próximos dez anos para pagar os benefícios.