O racha dentro do PSL segue forte no Congresso Nacional, sobretudo na Câmara dos Deputados. Entre os parlamentares da Casa, a divisão dos que apoiam o presidente Jair Bolsonaro e os que preferem ficar ao lado do partido tem gerado declarações cada vez mais acaloradas. Ontem, devido à operação da Polícia Federal contra o presidente da sigla, o deputado Luciano Bivar (PSL-PE), a ala pró-Bolsonaro ganhou mais um motivo para reclamar da falta de coerência da legenda.
A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) calcula que um grupo de 30 a 35 parlamentares, no qual se inclui, esteja alinhado com o discurso do presidente ; a bancada é composta de 53 cadeiras na Câmara. Ela garante que esses parlamentares só continuam no partido com a condição de que Bolsonaro possa assumir a direção executiva.
;Nós só ficamos se o Bolsonaro for presidente (do PSL) ou indicar o presidente. O partido hoje só é o que é porque o Bolsonaro foi eleito;, frisou a deputada, que acrescentou:
;A operação (da PF) reforça o que estamos pedindo, que é a transparência nas contas do partido, e abre espaço para mais parlamentares virem para nosso grupo. Nosso problema não é pessoal com o Bivar, mas de falta de transparência com o uso do recurso público;.
Em contrapartida, outro grupo da legenda não concorda com Bolsonaro e reclamou que ele tem feito ;ameaças veladas; e ;insinuações; para preservar interesses particulares. Em nota oficial, a Executiva nacional do PSL também desaprovou a ;tentativa; do presidente de ;criar fatos artificiais;.
;A divergência intrapartidária é natural ao processo democrático e deve ser sempre resolvida pelo diálogo honesto, sem insinuações e ameaças veladas, que se mostram frágeis, sem respaldo jurídico e que em nada contribuem para o crescimento das instituições democráticas e para o atendimento das necessidades básicas da sociedade, o que é obrigação de todo homem público, especialmente dos que exercem os mais altos cargos da República;, diz o texto.
Brecha na lei
Para se desfiliar do partido, contudo, os deputados federais precisam de algum argumento que justifique o desligamento por justa-causa, sem que haja a perda de mandato. Em entrevista à Rádio Gaúcha, ontem, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e consultor informal de Bolsonaro, Admar Gonzaga, reconheceu que se a operação da Polícia Federal contra Bivar comprovar que ele cometeu irregularidades durante as eleições em Pernambuco, no ano passado, isso poderá ser usado como motivo pelos parlamentares que querem deixar o PSL.
;A Justiça também está atenta. Naturalmente, se alguma coisa for desvendada negativamente em face da direção do PSL lá de Pernambuco, a lei será aplicada. Mas isso é uma decisão da Justiça Eleitoral;, comentou Gonzaga.