"Quando ele diz a um estranho para esquecer o PSL, mostra que ele mesmo já esqueceu. Mostra que ele não tem mais nenhuma relação com o PSL", afirmou o dirigente partidário ao Estado de S. Paulo, referindo-se a uma fala de Bolsonaro na terça-feira.
Na ocasião, ao ser abordado por um apoiador na entrada do Palácio da Alavorada, o presidente foi filmado dizendo: "Esquece o PSL, tá ok?". Além disso, afirmou que Bivar "está queimado para caramba".
Logo após a declaração de Bivar, Jair Bolsonaro disse ao site O Antagonista que não pretende deixar o PSL "de livre e espontânea vontade" e que não pretende "entrar nessa briga" com Bivar.
Sobre a possibilidade de o deputado pernambucano iniciar um processo para retirá-lo da legenda, Bolsonaro respondeu que "é um direito dele". Mas ponderou: "Comigo fora da legenda, a tendência do PSL é murchar. Se eu sair, é natural que muita gente saia também".
Sobre a possibilidade de o deputado pernambucano iniciar um processo para retirá-lo da legenda, Bolsonaro respondeu que "é um direito dele". Mas ponderou: "Comigo fora da legenda, a tendência do PSL é murchar. Se eu sair, é natural que muita gente saia também".
Sem entender
Bivar disse não entender o que motivou o presidente a dar tais declarações. "Ontem mesmo, eu recebi um convite para ir a uma cerimônia no Palácio do Planalto e tinha um jantar marcado com o ministro da Justiça, Sérgio Moro. Então, não vi indicativo nenhum", comentou.Para ele, a intenção do presidente ao atacar o PSL é mostrar que não tem envolvimento com denúncias sobre irregularidades envolvendo a candidaturas de mulheres que seriam laranja para obter recursos públicos. "Acho que ele quis sair porque tem preocupação com as denúncias de laranjas. Ele quer ficar isento dessas coisas", afirmou Bivar.
Na semana passada, o Ministério Público de Minas Gerais denunciou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, por irregularidades envolvendo candidaturas de mulheres nas eleições de 2018. Antônio presidia o PSL mineiro à época.
Principal aliado
A declaração de Bolsonaro serviu como um banho de água fria nas lideranças do PSL, que teme perder a condição de aliado principal de Bolsonaro. O líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), saiu em defesa de Bivar e disse que estava perplexo com as declarações. Enfatizou que o PSL era o partido mais fiel ao governo no Congresso.De pronto, a reação de Olímpio provocou uma resposta do vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho do presidente da República, que costuma comprar todas as brigas do pai: "É surreal!”, escreveu no Twitter.
Apesar das declarações de apoio ao presidente, Major Olímpio não poupa críticas aos filhos do chefe do Planalto. Já disse que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), está "destruindo" a imagem do partido em São Paulo, desde que o "filho 03" assumiu a liderança da sigla no Estado, em junho deste ano. E também afirmou, na segunda-feira (7/10), que o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), "acabou".
Nesta quarta-feira, Major Olímpio voltou às críticas e disse que não poupará alguém só por ser filho do presidente. "Partido político não é dinastia", afirmou em entrevista à Rádio Eldorado.
Nesta quarta-feira, Major Olímpio voltou às críticas e disse que não poupará alguém só por ser filho do presidente. "Partido político não é dinastia", afirmou em entrevista à Rádio Eldorado.
Cálculo político
Outro fator apontado pelo presidente do PSL para justificar o ataque de Bolsonaro à legenda seria um cálculo político do presidente para garantir a sua reeleição. "Ninguém é eleito presidente sem ter acertos. Como ele vem em um processo de reeleição, talvez ele saiba qual é o melhor caminho a ser seguido. Espero que ele tenha sucesso", disse. Embora ainda não tenha definido o seu destino, Bolsonaro avalia vários cenários políticos e deseja um partido que possa controlar, para impulsionar sua candidatura à reeleição, em 2022. A União Democrática Nacional (UDN) já pediu registro como partido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e quer que o presidente se filie à sigla.
A saída de Bolsonaro pode provocar uma debandada no PSL. Dirigentes do partido ouvidos pela reportagem afirmam que o presidente pode levar consigo até 15 dos 53 deputados federais, além de dois dos três senadores - Flávio Bolsonaro (RJ) e Soraya Thronicke (MS).
Bivar, no entanto, afirma não se preocupar com um eventual esvaziamento da legenda. "Redução ou aumento da bancada não representa nada, o importante é manter a nossa linha de conduta e dignidade", afirmou.
Ele diz ainda que as bancadas no Congresso continuarão apoiando as pautas do governo. "Nenhuma turbulência vai alterar o comportamento do partido", disse.
Questionado sobre se pretendia procurar Bolsonaro para conversar, Bivar afirmou não ver motivos para procurá-lo agora. "Tenho que respeitar a posição dele, não vou ser invasivo ou inconveniente", afirmou.