Em transmissão em vídeo para o 3; Simpósio Nacional Conservador, organizado pelo grupo Brasil Limpo em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro disse ontem que vai cancelar a campanha publicitária em defesa do pacote anticrime, elaborado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro. Bolsonaro alegou ;pressão da esquerda; para justificar a decisão.
;É chata essa vida porque a esquerda empilha você de processos, e você tem que responder o tempo todo. Por exemplo, chegou mais um processo na minha mesa. Vou ter que suspender, com o Sérgio Moro, a propaganda da lei anticrime. Quem é que promove isso daí? O pessoal da esquerda;, afirmou.
Com o lema ;a lei tem que estar acima da impunidade;, na semana passada, o governo lançou uma campanha publicitária de R$ 10 milhões em defesa do pacote elaborado pelo ministro da Justiça. As peças usaram depoimentos de vítimas de violência.
No mesmo vídeo, Bolsonaro provocou o youtuber Nando Moura, conhecido pela militância bolsonarista e influente no campo conservador. O presidente se referiu ao comunicador como ;cabeludo que agora está careca;, para rebater críticas de Moura aos vetos à Lei de Abuso de Autoridade.
O presidente também virou a metralhadora giratória contra Luciano Huck, em teleconferência para os conservadores. Segundo ele, ;o povo não vai votar em pau mandado;. Ele voltou a criticar o apresentador por ter usado recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), R$ 17,7 milhões, para comprar um jato particular. ;Alguém quer um dinheiro do BNDES pagando 4% aí? Ele diz aqui que está viajando o Brasil. Obviamente, viajando o Brasil com o (inaudível) do BNDES. Alguém acha que o povo vai votar no pau mandado da Globo? Mas não estamos aqui fazendo campanha. É um direito dele;, afirmou Bolsonaro.
Pela manhã, ao cumprimentar apoiadores no portão do Palácio da Alvorada, o presidente respondeu com irritação a um ciclista que passava pelo local e disparou: ;E o Queiroz?;. Ao que Bolsonaro respondeu: ;Tá com a sua mãe;. O ciclista se referia a Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o filho número um do presidente e pivô de um escândalo na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Depois de repetir a frase duas vezes, capitão reformado do Exército abandonou a conversa amistosa com os cerca de 20 simpatizantes ; populares que vão para a porta da residência oficial para tirar fotos com Bolsonaro ;, recolocou o capacete e voltou a pilotar a moto que estava dirigindo. O presidente acelerou e retornou para as dependências do Palácio da Alvorada. O comentário irônico do ciclista causou furor entre os admiradores de Bolsonaro. Um deles quis tirar satisfação e chegou a dizer, caso o ciclista estivesse presente, que o ;partiria em cinco;.
Por ironia, o novo destempero público de Bolsonaro aconteceu no dia em que o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), declarou, em São Paulo, que ele estava ;mais conciliador;. Maia afirmou que Bolsonaro iniciou a gestão de forma radical, partindo para o confronto e tentando governar por decreto, porque era estimulado pelos eleitores nas redes sociais. ;Fomos gerando os limites. Nos últimos meses, o presidente vem fazendo um discurso mais conciliador;, disse.
Bolsonaro determinou que a Polícia Federal e o Comando da Marinha investiguem as causas e as responsabilidades sobre as manchas de petróleo encontradas em mais de uma centena de praias no litoral nordestino.
"É chata essa vida, porque a esquerda empilha você de processos,
e você tem que responder o tempo todo. Por exemplo, chegou mais
um processo na minha mesa. Vou ter que suspender,
com o Sérgio Moro, a propaganda da lei anticrime;
e você tem que responder o tempo todo. Por exemplo, chegou mais
um processo na minha mesa. Vou ter que suspender,
com o Sérgio Moro, a propaganda da lei anticrime;
Jair Bolsonro,
presidente da República