Em pedido a Bretas, a defesa de Cabral alegou "comportamento carcerário exemplar" e o risco que o ex-governador enfrenta por "desagradar inúmeras pessoas, inclusive dentro da própria unidade prisional" por confessar delitos durante sua gestão.
Sérgio Cabral já está condenado a 233 anos e onze meses de prisão. Ele governou o Rio por dois mandatos, entre 2007 e 2014. Pezão foi seu vice e assumiu o governo quando Cabral renunciou, em abril de 2014, para concorrer ao Senado, mas acabou desistindo.
Em novembro de 2016, o ex-governador foi preso na Operação Calicute, desdobramento da Lava-Jato, por ordem do juiz Bretas.
Sufocado por tantas condenações, e réu em outras ações ainda em curso, Cabral decidiu mudar a estratégia de defesa e passou a confessar ilícitos em seus mandatos no Palácio Guanabara.
Em audiência com Bretas, em fevereiro deste ano, Cabral declarou. "Apego ao poder e ao dinheiro é um vício."
Os advogados de Cabral também pediram que ele não seja transferido no "xadrez" da viatura devido à "nova postura adotada pelo acusado".
Em sua decisão, Bretas ressalta ser "notório" que o ex-governador tenha adotado uma postura colaborativa com as investigações e que tal ação "pode gerar certas animosidades dentro do ambiente carcerário".
"Não obstante não haja certeza quanto à existência de riscos/ameaças à integridade física do requerente, entendo que a suspeita de eventuais riscos à segurança do preso, aliado ao temor relatado pelo acusado e a sua nova postura, são suficientes para justificar a transferência para outra unidade prisional", pondera o juiz da Lava-Jato Rio.
Alegando coerência com decisões semelhantes, em especial no caso de Luiz Fernando Pezão, que ao ser preso foi levado para a Unidade Prisional da PM ao invés de outro presídio, Bretas decretou a transferência de Cabral para o mesmo endereço.
O juiz também afirmou não ter oposição ao deslocamento de Cabral em "local diverso do ;xadrez; da viatura policial", mas deixou a decisão final por conta da Polícia Federal, que deverá "avaliar e decidir a respeito do local mais adequado do transporte do preso".