Desde as mudanças de fevereiro, quando houve renovação histórica no Congresso Nacional, Câmara e Senado têm travado uma disputa por protagonismo na discussão da agenda econômica do governo, mas foi a falta de consenso sobre a divisão dos recursos do petróleo que deu ares de crise institucional ao Legislativo. A disputa envolve a divisão de recursos do leilão do pré-sal, marcado para 6 de novembro, entre União, estados e municípios.
Na briga pelo dinheiro, o senador Cid Gomes (PDT-CE) atacou o líder do PP na Câmara, deputado Arthur Lira (AL), ao dizer que Lira é responsável por ;achacar; o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na proposta que detalhou os critérios para a divisão. O governo espera arrecadar mais de R$ 100 bilhões.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC 152/19) destina 15% dos recursos para estados, 15% para municípios e 3% para o Rio de Janeiro, onde ficam as áreas do pré-sal. Os senadores, porém, querem uma fatia maior e, para tentar garantir mais recursos, ameaçaram travar o segundo turno de votação da reforma da Previdência.
;O presidente da Câmara está se transformando numa presa de um grupo de líderes liderado por aquele que é o projeto do futuro Eduardo Cunha brasileiro. O original está preso, mas está solto o líder do PP, que se chama Arthur Lira, que é um achacador;, afirmou Gomes.
O senador também acusou Lira de; adotar uma prática diária voltada para chantagem e de criação de dificuldades para encontrar propostas de solução;. Gomes teve que deixar o cargo de ministro da Educação de Dilma Rousseff, em 2015, porque chamou o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ), de ;achacador;.
No plenário da Câmara, o presidente Rodrigo Maia defendeu Arthur Lira. ;Nem governador, nem senador vai ameaçar a Câmara dos Deputados como eu fui ameaçado sábado à noite;, pontuou, referindo-se à pressão que afirma ter recebido para mudar os critérios de distribuição dos recursos.
Arthur Lira disse que vai processar o pedetista e defendeu a prerrogativa dos deputados para alterar os critérios definidos pelo Senado. ;O senador apequena seu nome, e de seu estado, ocupando a tribuna levianamente, com dor de cotovelo, porque a maneira que ele pensou, talvez, não tenha sido acordada;, disse.