Pouco antes do discurso em que Greta Thunberg fez duras críticas aos líderes presentes à Cúpula do Clima, um grupo de 66 países se comprometeu a zerar as emissões de carbono na atmosfera até 2050. A neutralização das emissões de gases do efeito estufa até 2050 é uma meta estabelecida por cientistas para conter o aquecimento da Terra em 1,5;C em relação à média do século 19. A temperatura média na Terra já está 1;C acima da verificada naquele período.
;A emergência climática é uma corrida que estamos perdendo, mas podemos vencê-la;, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, referindo-se aos compromissos assumidos no âmbito do Acordo de Paris, assinado em 2015, que muitas nações estão tendo dificuldade de cumprir. Os Estados Unidos, por exemplo, se retiraram do acordo. Na campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro prometeu fazer o mesmo, mas voltou atrás depois de assumir o governo.
Agora, 59 países anunciaram a intenção de fortalecer as metas nacionais para combater as mudanças climáticas até 2020, e outros nove iniciaram processos internos para tornar as metas mais ambiciosas, informou a ONU, ao anunciar a criação de uma ;Aliança de Ambição pelo Clima;. O objetivo coletivo é reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa em pelo menos 45% até 2030 e, assim, preparar-se para alcançar a neutralidade de carbono em meados do século.
A Aliança foi anunciada pelo presidente do Chile, Sebastián Piñera, em preparação para a COP25 a ser realizada em Santiago, em dezembro. ;Acabar com o carvão é uma prioridade;, informou a ONU. Um grupo que busca eliminar o uso de usinas a carvão agora se expandiu para cobrir 30 países, 22 estados, ou regiões, e 31 empresas que se comprometeram a não construir novas usinas até 2020 e a fazer a transição para energias renováveis.
Desafios em aberto
Veja o estado atual dos compromissos dos principais países emissores, formalizados no âmbito do Acordo Climático de Paris assinado em 2015. Cada país é livre para definir seus objetivos e seu ano de referência.
China
A China está comprometida com reduzir suas emissões de dióxido de carbono até 2030. Deve ser capaz de fazê-lo, afirmam especialistas do clima. Pequim também estabeleceu uma meta de que 20% de seu consumo de energia venha de energias não fósseis (renováveis e nuclear). Este objetivo parece mais distante.
Estados Unidos
Os compromissos dos EUA datam da presidência de Barack Obama: redução das emissões dos gases que provocam o efeito estufa de 26% para 28% em 2025, em comparação com 2005. Em 2017, Donald Trump anunciou sua intenção de deixar o acordo de Paris (efetivo a partir de 2020) e imediatamente comprometeu os pilares do plano climático de seu antecessor, principalmente sobre as usinas de carvão e indústria automobilística, entre outros.
União Europeia
A UE está comprometida com uma redução de 40% até 2030, em comparação com 1990. A Comissão Europeia prevê que esse objetivo seja superado, mas deseja a adoção, por parte dos Estados-Membros, de um objetivo mais ambicioso: uma neutralidade climática em 2050. O consenso ainda não existe, e as negociações continuam.
Quais países adotaram o objetivo de neutralidade de carbono?
; Dois pequenos países, Butão e Suriname, já são neutros em carbono, segundo um estudo da ONG britânica ECIU apresentado em junho.
; Muitos outros anunciaram sua intenção de alcançar esa categoria até 2050, ou mesmo antes. De acordo com o site climatechangenews, estes são os países que inscreveram o objetivo em sua legislação, ou em seus compromissos para o Acordo de Paris:
; Em 2030: Noruega e Uruguai
; Em 2045: Suécia, bem como o estado da Califórnia, nos EUA
; Em 2050: Fiji, França (votação final do Senado no final de setembro) e Reino Unido.