A Alta Comissária dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) e ex-presidente chilena, Michelle Bachelet, afirmou que sente ;pena pelo Brasil; ao recordar a defesa que o presidente Jair Bolsonaro fez recentemente da ditadura de Augusto Pinochet no Chile, na qual justificou a morte do pai da socialista pelo regime.
No início do mês, com a Amazônia em chamas em consequência dos incêndios florestais, Bachelet criticou a ;redução do espaço cívico e democrático; no Brasil. Bolsonaro respondeu com elogios à ditadura de Pinochet (1973-1990). ;Se há uma pessoa que diz que em seu país nunca houve ditadura, que não houve tortura, bem, que dia que a morte de meu pai por tortura permitiu que (o Chile) não fosse outra Cuba, a verdade é que me dá pena pelo Brasil;, disse Bachelet em entrevista à Televisão Nacional do Chile (TVN).
O capitão da reserva do Exército e atual presidente do Brasil elogiou a ;coragem; da ditadura chilena para deter a esquerda e ;comunistas como seu pai;, um general da Aeronáutica que morreu na prisão em 1974, depois de ser torturado pelo regime. Bachelet afirmou que a ;redução do espaço democrático não acontece apenas no Brasil;, em uma longa entrevista à TVN, divulgada parcialmente neste domingo pelo jornal La Tercera, na qual considera que na área de direitos humanos ;não existe nenhum país perfeito;.
Em outros temas, a ex-presidente voltou a se defender de novas informações da imprensa que vinculam sua campanha para conquistar o segundo mandato à frente do Chile em 2014 a contribuições da empreiteira brasileira OAS. ;Minha verdade é a mesma de sempre. Eu não tenho, nunca tive vínculos com OAS nem com qualquer outra empresa;, disse Bachelet, que considerou ;estranho; o retorno do tema à imprensa.
Candidatura
Ao falar sobre seu papel na crise da Venezuela, Bachelet respondeu que muitos, de modo equivocado, a observam como a ;virgem Maria;, aquela que pode solucionar o problema. ;Sou Alta Comissária e quero manter minha relação com o Estado venezuelano para seguir trabalhando e para ajudá-los a resolver a situação crítica dos direitos humanos;, disse. Para as Nações Unidas, ;Juan Guaidó é o presidente da Assembleia e o presidente eleito é Nicolás Maduro;, completou a socialista. Na mesma entrevista, Bachelet, que governou seu país entre 2006-2010 e 2014-2018, garantiu que não voltará a ser candidata à Presidência do Chile.