A situação do senador Fernando Bezerra (MDB-PE) se tornou um incômodo para o governo. Depois de ele ter colocado o cargo de líder do governo no Senado à disposição, a ordem no Palácio do Planalto é aguardar o andamento das investigações feitas pela Polícia Federal, que apura um suposto esquema de propinas pagas por empreiteiras. As empresas executariam obras custeadas com recursos públicos a favor de autoridades, entre elas, o parlamentar.
Com votações importantes para esta semana na Casa, como a reforma da Previdência em primeiro turno no plenário, na terça, e a sabatina do subprocurador-geral Augusto Aras, na Comissão de Relações Exteriores (CRE), na quarta, interlocutores do governo no Senado montam uma estratégia para evitar ruídos e impactos da operação da PF à articulação governista. Com isso, Bezerra ficará no cargo de líder, pelo menos por enquanto.
Os quatro vice-líderes do governo no Senado, Eduardo Gomes (MDB-TO), Elmano Férrer (Podemos-PI), Izalci Lucas (PSDB-DF) e Chico Rodrigues (DEM-RR), estão dialogando com os demais parlamentares, por telefone e presencialmente, minimizando a operação, frisando que sequer o Ministério Público fez a denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo é convencer de que tudo permanecerá em ordem.
O planejamento é manter a confiança dos senadores na articulação. Afinal, são 30 parlamentares que compõem a base, dos quais o governo tem intenção de ampliar, e não perder votos. ;E nós, que somos vice-líderes, temos que ter essa segurança de que aquilo que falamos seja honrado e cumprido, se não, perdemos a credibilidade. Então, não dá para brincar com essas coisas de empurrar com a barriga;, destaca Izalci.
Por ser de Brasília, o senador ressalta que sempre tem ajudado muito na articulação, e, agora, não será diferente. ;Estou aqui no sábado o tempo todo, sempre à disposição dos senadores para conversar. Na segunda-feira, quando, normalmente, ocorrem as reuniões, muitas vezes o Fernando não pode vir, e eu vou. Agora, torço para que não haja nenhuma modificação e que ele continue na liderança, pois é uma pessoa competente, articulada, que conhece a fundo a máquina pública e a Casa. É um processo de investigação, não há nenhuma definição;, sustenta. (R.C)