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"É uma proposta absurda", disse Dilma. "Quando (Emmanuel) Macron fala em intervir na Amazônia, cria um grande apoio para o (presidente Jair) Bolsonaro, porque ninguém no Brasil acha que isso seria uma boa ideia".
Dilma fez essas declarações em um discurso para o auditório lotado do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas de Paris, sobre "A crise sistêmica mundial e as perspectivas democráticas".
"O Brasil, sem a Amazônia, sem seus indígenas, não é o Brasil, pode ser outra coisa, mas não é Brasil", afirmou a ex-presidente.
"Há 20 milhões de habitantes na Amazônia, não é um deserto", afirmou Dilma, lembrando que a Guiana francesa - território ultramarino francês na área amazônica - "também tem problemas", sobretudo de mineração.
Dilma pediu a criação de uma "frente democrática" para rechaçar a exploração que ameaça áreas de proteção ambiental e terras indígenas. "Bolsonaro quer que a Amazônia seja aberta à exploração absurda", denunciou.
"Quando rejeita dinheiro internacional, demonstra que não quer protegê-la", destacou, referindo-se ao montante prometido pelos países do G7 para combater os incêndios na maior floresta tropical do planeta.
Ela também criticou os comentários de Jair Bolsonaro sobre a aparência da primeira-dama francesa, Brigitte Macron, e sobre a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, a chilena Michelle Bachelet.
"O que acontece é que Bolsonaro não tem o chip da moderação", disse a primeira mulher eleita presidente do Brasil, em 2010, destituída após um processo de impeachment em 2016.