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Parlamentares governistas tentam barrar três CPIs

Deputados e senadores governistas se organizaram, nos últimos dias, para barrar a criação de duas comissões parlamentares de inquérito no Congresso. A CPI da Lava Toga no Senado, para investigar a atuação de ministros do Supremo Tribunal Federal, e a da Vaza Jato na Câmara - articulada pela oposição para apurar as conversas entre o então juiz Sérgio Moro e procuradores da Lava Jato - preocupam o Planalto porque há o temor de que as investigações possam respingar no governo e em aliados. Uma terceira CPI, a das Fake News, já instalada, passou a ser monitorada pela base do governo no Legislativo, tendo à frente o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente. No Senado, a tentativa de abrir a investigação contra integrantes do Supremo rachou o PSL. Flávio tentou que os colegas da legenda retirassem o apoio à comissão. Diante da pressão, Juíza Selma (MT) anunciou que vai sair do PSL. O líder do partido no Senado, Major Olímpio (SP), pediu que o próprio Flávio deixe a legenda, como mostrou a Coluna do Estadão. Olímpio afirmou mais tarde que não sairá do PSL porque foi convencido por pessoas próximas a permanecer no partido. "Vou continuar apoiando o presidente Bolsonaro e as pautas do governo. Não vejo o presidente tomando posição contra a Lava Jato. É uma posição do filho do presidente, que é senador. Mas isso é contraproducente à bandeira do próprio partido", disse ele ao Estadão/Broadcast. A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) foi uma das que pediram para Selma e Olímpio continuarem no PSL. E minimizou o movimento de Flávio. "Estou pedindo para todo mundo se perdoar, parar de brigar e esperar a poeira abaixar." Para ela, Flávio tentou barrar a CPI por entender que a investigação atrapalharia o governo do pai. Na avaliação da deputada Carla Zambelli (PSL-SP), a CPI vai enfraquecer tanto o Legislativo quanto o Judiciário. "E não vai acontecer o que é preciso, de fato, que é a saída dos ministros." Para ela, a discussão está concentrada no fato de Flávio ter sido o único senador do PSL a não assinar o pedido de criação da comissão. "Acham que a assinatura do Flávio é a mesma coisa que uma assinatura do presidente Jair Bolsonaro. E não é." Já o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP) afirmou que, apesar da movimentação interna no partido para esvaziar as duas CPIs, ele vai continuar defendendo a da Lava Toga. "Gerou mesmo um clima desconfortável o Flávio ter sido o único que não apoiou", admitiu o parlamentar. Para Tadeu, o argumento de que a CPI não terá condições de investigar a fundo a atuação dos ministros do Supremo é um "factoide" para convencer os bolsonaristas a desistirem da CPI. "Vou continuar defendendo porque, caso contrário, perco minha identidade. Tiro uma máscara e coloco outra?" Em relação à CPI da Vaza Jato, a bancada do PSL é uníssona em defender seu enterro, sob o argumento de que foi proposta pela oposição e tem o objetivo de investigar denúncias de que a força-tarefa da Lava Jato teria cometido irregularidades. Mas há também preocupação de que as investigações possam enfraquecer pilares do governo, como o ministro Sérgio Moro, que foi juiz da operação. Fake News O governo tem trabalhado ainda contra a CPI das Fake News, que apura denúncias de utilização das redes para difamar candidatos nas eleições de 2018. Flávio questionou qual seria o fato determinado para a criação da CPI. O presidente da comissão, Angelo Coronel (PSD-BA), argumentou que o objetivo é "investigar ataques cibernéticos que atentam contra a democracia". Flávio respondeu: "Totalmente amplo, não é?". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.