O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente da República, Jair Bolsonaro, usou o Twitter nesta segunda-feira, 9, para dizer que "a transformação que o Brasil quer" não acontecerá na velocidade almejada por "vias democráticas".
"Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos... e se isso acontecer", escreveu Carlos. "Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo e os que sempre nos dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes."
Na mesma sequência de mensagens, o vereador escreve que o governo federal vem "desfazendo absurdos" e tenta "recolocar nos eixos" o País. Ele reclama que os "avanços (são) ignorados e os malfeitores esquecidos".
A publicação foi seguida de outra mensagem, em que o filho do presidente diz que está "tranquilo" como o pai e que "o poder jamais me seduziu".
Preocupação
No Palácio do Planalto, dois auxiliares do presidente disseram, sob a condição de anonimato, que o que Carlos fala não se escreve. Um ministro chegou a afirmar que a postagem do vereador "é uma maluquice".
Nos bastidores do governo, no entanto, há preocupação com interpretações que mensagens assim podem passar no momento em que Bolsonaro tenta recuperar popularidade. Mesmo interlocutores do presidente que tentaram amenizar o post de Carlos admitiram que as afirmações têm viés autoritário.
Oposição
O deputado Paulo Pimenta (PT) comparou a fala de Carlos a um trecho de entrevista concedida por Jair Bolsonaro ao programa Câmera Aberta em 1999 em que ele diz que fecharia o Congresso se fosse presidente e critica duramente o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), reeleito um ano antes.
Na entrevista de 1999 citada pelo deputado opositor, Bolsonaro havia dito que não acreditava em solução por meio da democracia. "Através do voto você não vai mudar nada nesse País", disse.
"Daria golpe no mesmo dia (se eleito presidente)! Não funciona! O Congresso hoje em dia não serve pra nada, só vota o que o presidente quer. Se ele é a pessoa que decide, que manda, que tripudia em cima do Congresso, dê logo o golpe, parte logo para a ditadura", disse o então deputado.
Licença
O vereador Carlos Bolsonaro pediu licença não remunerada na Câmara Municipal do Rio. O motivo não foi informado, assim como o prazo em que o vereador ficará ausente do Legislativo Municipal. A licença foi publicada no Diário Oficial desta terça-feira, 10.