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Questionado se os comentários de Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a mulher do presidente francês, Emmanuel Macron, atrapalham as relações e negociações internacionais, o CEO da BMJ consultores associados respondeu que existe uma certa "resiliência" em relação a essas provocações. "A Noruega foi alvo em relação a alguns questionamentos sobre o Fundo Amazônia. E ainda assim, há cerca de três semanas, o governo brasileiro foi para negociações com o bloco econômico principal que a Noruega faz parte, e ainda com as provocações e conturbações com o país (Noruega), o acordo foi fechado", explicou Parente.
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Para o consultor, o Brasil tinha "grandes chances" de formar uma parceria estratégica com a França após a assinatura do acordo entre os países do Mercosul e da União Europeia. No entanto, segundo ele, essa relação "foi abalada desde antes da não-recepção do chanceler francês pelo presidente Jair Bolsonaro". "Os franceses precisam do Brasil, a França é um mercado importante para alguns produtos brasileiros e, ao mesmo tempo, o Brasil é um importador importante de produtos franceses, como vinho, queijos, lácteos, então há essa necessidade de integração. Poderia, sim, ser feita uma parceria estratégica, com certeza a relação foi abalada com essas últimas declarações do ministro Guedes (de que a mulher do presidente francês é "feia"), mas também desde antes da não recepção do chanceler francês pelo presidente Jair Bolsonaro aqui", afirmou o especialista em relações governamentais.
No próximo dia 24, o presidente brasileiro deve discursar na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Questionado sobre as expectativas para o discurso, Parente disse que "quanto mais pragmático for, melhor para os exportadores brasileiros". Ele espera que o momento seja utilizado para "abrir mais mercados", porém, acredita que Bolsonaro deve reafirmar a "soberania brasileira sobre a Amazônia". "Nesse momento, é importante que o governo brasileiro se posicione no sentido de abrir mercado para as exportações brasileiras, e para a China, claro, mas olhando também para uma diversificação de mercado", defendeu. "A Argentina também é um mercado muito importante para nossos produtos industriais, mas olhando para uma diversificação maior de mercado, interessa sim uma aproximação de diálogo com os EUA, com o Japão".
Em relação à possível indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) para ser embaixador do Brasil nos EUA, o consultor argumentou que a notícia "pode ser positiva do ponto de vista bilateral". Para ele, é evidente que (a indicação) causa certa comoção interna, com uma série de efeitos colaterais "não desprezíveis", como a "difícil negociação no Senado". "Mas, do ponto de vista bilateral, você vê, por exemplo, o surgimento de um diálogo em matéria comercial que a gente não tinha antes", destacou Parente. "Então, essa proximidade pode ser boa. Os EUA, por exemplo, já conseguiram uma concessão muito importante do lado brasileiro, que é o aumento da cota do etanol."
Sobre o processo de internalização do acordo entre Mercosul e União Europeia e a possibilidade do tratado ser prejudicado com a recente crise ambiental na Amazônia, o CEO apontou que as partes mais "normativas" do acordo correm risco por parte de alguns países europeus. "Países que têm uma sensibilidade maior para a questão ambiental já vêm colocando alguns entraves para a ratificação do acordo. Uma das condições colocadas pelo Mercosul para a assinatura foi a permanência do Brasil no acordo de Paris. Esses questionamentos podem ser trazidos de volta no momento da internalização desse acordo pelos países que têm sensibilidade a isso", analisou Parente.
* Estagiária sob a supervisão de Roberto Fonseca
* Estagiária sob a supervisão de Roberto Fonseca