Antes mesmo de assumir o cargo, Augusto Aras, indicado para procurador-geral da República, enfrenta resistência entre seus pares. Pelo menos 14 estados e o DF registraram protestos contra a indicação dele para chefiar o Ministério Público. A manifestação partiu de procuradores e subprocuradores, descontentes com a escolha do presidente Jair Bolsonaro, que desconsiderou a lista tríplice votada pela categoria. O mandato da atual ocupante do cargo, Raquel Dodge, termina no dia 17 deste mês. Até lá, Aras precisa passar por sabatina no Senado. Caso isso não ocorra até a data-limite, quem assume a Procuradoria-Geral da República é o vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público Federal, Alcides Martins. Ontem, o subprocurador começou a visitar os gabinetes em busca de apoio. Ele também se reuniu com Dodge. No encontro, foi abordado o orçamento do MP e a troca de informações entre as duas gestões.
No protesto de ontem, o subprocurador Mário Bonsaglia, o mais votado no pleito interno do MP, criticou o fato de o presidente ter procurado um nome que se alie aos seus pensamentos e interesses. ;A Constituição prevê um Ministério Público independente, autônomo, e não a serviço do Poder Executivo. Preocupa essa noção, essa visão, de que o PGR precisaria ter um programa alinhado ao governo;, declarou.
A Associação dos Servidores do Ministério Público Federal (ASMPF), por sua vez, apoia a escolha do presidente. Aras aparece em uma lista com cinco nomes votada pelos servidores do órgão. ;Pela primeira vez, os servidores do Ministério Público da União tiveram a oportunidade de escolher, entre os membros aquele que poderia comandar a PGR. (;) Coincidência ou não, o fato é que Augusto Aras, indicado pelo presidente da República, consta da lista dos servidores;, manifestou a entidade, em nota.
A indicação de Aras pode ser votada pelo plenário do Senado na semana de 22 de setembro, afirmou o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Segundo ele, não será possível votar antes de acabar o mandato de Dodge.