Em uma nova derrota no Congresso, o governo perdeu os principais postos na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da fake news, instalada nesta quarta-feira, 4. A presidência do grupo ficou na mão do senador Angelo Coronel (PSD-BA), que tem um perfil considerado independente, e a relatoria com a deputada Lidice da Mata (PSB-BA), oposição a Jair Bolsonaro.
A CPI foi criada com o objetivo de investigar a disseminação de notícias falsas nas eleições presidenciais do ano passado. A proposta da comissão foi gerida pelo Centrão e contou com a articulação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dois dos principais alvos de ataques virtuais de redes bolsonaristas.
"Precisamos dar um basta nisso e descobrir quais são os focos dessa indústria de fake news que abala a democracia brasileira", afirmou Angelo Coronel.
Em outro recado contra ataques nas redes, o Congresso derrubou, na semana passada, o veto de Bolsonaro ao projeto que determina penas mais duras à propagação de notícias falsas.
Bastidores
Na arena política, o que se pretende é blindar congressistas que são alvos de ataques na internet e identificar responsáveis por essas críticas. Entre os alvos potenciais, estão apoiadores de Bolsonaro e parlamentares aliados que fazem transmissões ao vivo nas redes sociais durante as votações do Congresso, grupo conhecido como "bancada da live".
Nos bastidores, porém, a avaliação de que o escopo amplo da CPI pode dar margem para investidas também contra opositores ao governo. Um dos focos de governistas é a divulgação de supostas mensagens trocadas entre o então juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e o coordenador da Lava Jato no Paraná, o procurador Deltan Dallagnol, divulgadas pelo site The Intercept Brasil.
Composta por 15 senadores e 15 deputados titulares e igual número de suplentes, a comissão terá 180 dias para concluir seus trabalhos.