postado em 04/09/2019 12:09
O presidente Jair Bolsonaro reagiu, nesta quarta-feira (4/9), a críticas feitas pela alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, que mais cedo havia alertado para a "redução dos espaços democráticos" no Brasil e criticado o "ímpeto nacionalista" do brasileiro.
Pelo Twitter, Bolsonaro respondeu afirmando que Bachelet ; ex-presidente chilena (2006-2010 e 2014-2018) ;, está "seguindo a linha" do presidente francês, Emmanuel Macron, ao "se intrometer nos assuntos internos e da soberania brasileira". E, mais tarde, fez elogios a Augusto Pinochet, que comandou a ditadura chilena, regime sob o qual o pai de Michelle Bachelet foi preso, torturado e morto.
"(Bachelet) diz que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai, brigadeiro à época", afirmou Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada. "Quando tem gente que não tem o que fazer, vai lá para a cadeira de Direitos Humanos da ONU", acrescentou.
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Amazônia
A referência a Macron diz respeito à polêmica aberta com o francês e que dura semanas, devido ao aumento alarmante de incêndios na Amazônia, descrito como "crise internacional" pela França. A controvérsia ocorre a menos de três semanas do início dos debates na Assembleia Geral da ONU em Nova York.
Em entrevista publicada na terça-feira pelo jornal Folha de S. Paulo, Bolsonaro reiterou que só aceitará a ajuda para combater os incêndios anunciada por Macron após a recente reunião do G7, se o presidente francês se retratar por ter sugerido a internacionalização da Amazônia.
E, ironicamente, ele agradeceu a Macron por permitir que empunhasse a bandeira do nacionalismo, em uma época em que o presidente brasileiro sofre uma erosão de sua popularidade. "Não preciso de esmolas. Ele (Macron) me deu duas coisas de graça: o discurso da soberania e o do patriotismo".
Na terça-feira, Bolsonaro pediu aos brasileiros que usem as cores verde e amarelo durante as comemorações de 7 de Setembro para reafirmar a soberania brasileira sobre sua região amazônica. "Não é para me defender, ou ofender quem quer que seja. É para mostrar pro mundo que este é o Brasil, que a Amazônia é nossa", afirmou.
Quem foi Alberto Bachelet
Alberto Bachelet, pai de Michelle, era general da Força Aérea e se opôs ao golpe dado por Augusto Pinochet em setembro de 1973. Bachelet foi preso três dias depois da queda de Salvador Allende e morreu, ainda no cárcere, em 12 de março de 1974, aos 50 anos.
Em 2012, a Justiça do Chile mandou prender os coronéis Benjamin Cevallos e Ramón Cáceres Jorquera, acusados de torturar e causar a morte do pai de Bachelet. Na ocasião, ela era candidata a presidente do país.
Foi a primeira vez em 38 anos que a Justiça se pronunciou sobre o caso do general Alberto Bachelet. A ordem foi dada após o Serviço Médico Legal determinar que a morte foi causada por problemas cardíacos decorrentes da tortura que ele sofreu na Academia de Guerra Aérea (AGA). À época, o órgão estava sob responsabilidade de Jorquera e Cevallos. ;Há uma relação direta entre a morte da vítima e o seu último interrogatório;, escreveu o juiz.
Quando foi preso, o general chegou a enviar uma carta para sua mulher, Ângela Jeria, na qual relatava que o mais humilhante era que a tortura era praticada por seus companheiros de armas.
Alberto Bachellet e Michelle estão entre as 32 mil pessoas torturadas e presas durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). A apuração dos crimes cometidos pelo Estado chileno durante a ditadura Pinochet levou a dezenas de condenações e prisões.
Com informações da AFP e do Estado de Minas
Com informações da AFP e do Estado de Minas