A pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro, os ex-governadores cariocas Anthony e Rosinha Garotinho foram presos, ontem, pela Polícia Federal. O encarceramento foi solicitado para que a dupla não atue para atrapalhar investigações relacionadas a suspeitas de fraudes em dois programas habitacionais. Eles foram alvo de mandados de prisão preventiva, ou seja, que não têm tempo para terminar.
A promotora Simone Sibilio, coordenadora do Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), afirmou que tanto Rosinha quanto Garotinho possuem ;poder dissuasório; e haveria risco para as investigações se o casal continuasse em liberdade. ;É notório o poder dissuasório que os dois réus possuem no município de Campos (dos Goytacazes). A instrução criminal, ou seja, o regular andamento do processo exige a prisão de todos os denunciados para que a colheita das provas em juízo possa se dar na devida ingerência dos acusados nessa instrução criminal;, disse ela.
A suposta fraude teria ocorrido durante a gestão de Rosinha como prefeita de Campos dos Goytacazes, no norte do estado, de 2009 a 2016. De acordo com a denúncia, a suspeita é de que houve superfaturamento em contratos entre a prefeitura do município e a construtora Odebrecht na construção de casas dos programas Morar Feliz I e II.
Outras três pessoas são alvo da ação. A Operação Secretum Domus cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão nas cidades do Rio e no município de Campos de Goytacazes. Esta é a quarta vez que Anthony Garotinho é preso, e a segunda vez de Rosinha. De acordo com Simone Sibilio, havia risco de que os ex-prefeitos, por exemplo, ameaçassem testemunhas. ;É quando réus ou ameaçam ou tentam fazer indevida ingerência na colheita das provas durante o processo. É notório que eles podem fazer ameaça, ainda que psicológica, ou algum manejo em relação às testemunhas que foram arroladas;, completou a promotora. Nas planilhas da Odebrecht, Garotinho era descrito pelos codinomes Bolinha, Bolinho e Pescador.
Também foram presos Sérgio Barcelos, subsecretário do atual governador do Rio, Wilson Witzel, Angelo Alvarenga Cardoso Gomes e Gabriela Trindade Quintanilha. Os três são acusados de intermediar propina para os ex-governadores. (RS)