Enquanto o presidente Jair Bolsonaro admitiu pressa em fazer a quarta cirurgia no abdome para estar apto para falar sobre a Amazônia na abertura da Assembleia-Geral da ONU, uma comitiva ministerial se reuniu com governadores da parte oriental dos estados da Amazônia Legal, em Belém, para debater as demandas dos governos estaduais e ouvir propostas para a crise ambiental. Hoje, os cinco ministros presentes na comitiva vão até Manaus ouvir os governadores da Amazônia ocidental (Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima). O grupo da Esplanada foi formado pelos ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Jorge Antônio Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência), Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
Apesar de não informar nenhuma proposta oficial para o combate à crise ambiental após a reunião, Lorenzoni informou algumas medidas que foram citadas pelos governadores da parte oriental da Amazônia, formada por Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso. ;Na próxima semana, vamos processar todas essas demandas, que vão desde questões que envolvem a regularização fundiária, passam pelo zoneamento econômico-ecológico, pelos serviços ambientais, pela economia verde, que é uma preocupação relevante da região;, disse Onyx.
O ministro afirmou ainda que há uma demanda de um monitoramento continuado de áreas desmatadas e focos de queimada, que se utilizaria da estrutura das Forças Armadas. ;Temos uma demanda de fazer, após vencido esse episódio, um monitoramento contínuo do que ocorre em termo de queimadas e desmatamento, se utilizando, por exemplo, da estrutura que as Forças Armadas têm, como o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). De tal forma que isso possa ser somado ao que é feito por todos os outros sistemas, junto com os governos estaduais;, informou.
A ajuda internacional também foi debatida no encontro. O ministro da Defesa destacou que há possibilidade efetiva de cooperação de quatro países: Chile, Equador, Estados Unidos e Israel. ;Do Chile, duas aeronaves especializadas em lançamento de água chegam ao Brasil nesta segunda. Israel está mandando uma equipe especializada. Já com os Estados Unidos estamos em contato para ver que meios serão fornecidos. Em relação ao Equador; nos foi oferecida equipe de brigadistas especializados em incêndios;, compartilhou.
Azevedo destacou também a efetividade da Operação Verde Brasil, coordenada pelas Forças Armadas, mas ressaltou que ;toda ajuda é bem-vinda;. A afirmação ocorre uma semana depois de Bolsonaro recusar a ajuda de US$ 20 milhões oferecida pelo G7 para a Amazônia. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também citou a ajuda internacional ao falar do Fundo Amazônia, que teve doações da Alemanha e Noruega, os dois principais doadores, suspensas após o início da crise ambiental.
;Nós temos, desde o inicio do ano, entabulado negociações para uma melhoria importante na governança do Fundo Amazônia. Essa negociação avançou bastante. Esta semana tivemos novamente contato com os dois principais doadores, Alemanha e Noruega;, garantiu Salles. Ele afirmou que a reunião serviu de reforço para dar foco à questão do Fundo.
Para o governador do Pará, Helder Barbalho, é importante valorizar o encontro do governo federal com os estados da Amazônia. ;Temos que aproveitar esse momento para a construção de um plano efetivo de desenvolvimento que permita que não tenhamos que, ano a ano, debater de maneira reativa os problemas de avanço da nossa floresta;, declarou.