O juiz federal Luiz Antonio Bonat, da 13ª Vara Federal de Curitiba, decretou a prisão preventiva do advogado Nilton Serson, apontado como suposto 'laranja' do chefão jurídico da Odebrecht, Marcelo Ferro. Eles são alvo da Operação Lava Jato, em sua 63ª etapa, batizada de Carbonara Chimica, que mira supostas propinas de R$ 118 milhões da empreiteira.
Serson, que estava em prisão temporária - prazo de cinco dias prorrogáveis -, já admitiu ter recebido R$ 78 milhões da Braskem, braço petroquímico da Odebrecht. Ele confessa ter recebido a cifra e atribui a serviços de natureza jurídica.
No entanto, boa parte dos valores ainda está no exterior. Ao tentar efetivar o bloqueio da cifra, determinado pelo juiz Luiz Antonio Bonat, o Banco Central encontrou apenas R$ 2,7 milhões declarados no Brasil.
A Lava Jato, no entanto, aponta que entre 11/01/2012 e 14/06/2019, foram realizadas ao menos 37 operações de internalização de valores advindos de contas bancárias mantidas em outros países, as quais totalizam o valor de R$ 22.465.760,60. "Apenas em 2019, Nilton Serson recebeu em conta bancária mantida no Banco Rendimento R$ 2.975.091,00 provenientes do exterior, o que indica que o investigado permanece movimentando suas contas mantidas no estrangeiro".
"Nesse contexto, o resultado do afastamento de sigilo bancário de Nilton Serson revelou que no período de 28/06/2007 a 11/09/2014, Nilton Serson remeteu ao menos R$ 51.455.393,41 para o exterior", afirma a força-tarefa.
Bonat acolheu o pedido da Lava Jato: "Ressalte-se, ademais, que, até o momento, não foi possível efetuar o rastreamento completo dos valores mantidos pelo investigado no exterior, parcialmente pelo fato de que esta Força-Tarefa ainda não possui documentação completa referente às contas correntes por ele mantidas na Confederação Suíça".
"Enquanto não houver rastreamento completo do dinheiro, com a identificação de sua localização atual, e repatriação para o Brasil, há um risco de dissipação do produto dos crimes", anotou.
Na Lava Jato, Serson é visto como um suposto 'laranja' de Maurício Ferro, o ex-diretor jurídico da Odebrecht. Com Ferro, a força-tarefa encontrou chaves de criptografia que podem dar acesso a pastas da Planilha do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht que até então estão inacessíveis para o Ministério Público.
Uma investigação interna da Braskem embasou a Lava Jato 63. A devassa ajudou a encontrar os repasses e contratos supostamente simulados entre o advogado e a empresa. Um dos termos prevê "monitoramento/manutenção dos votos dos ministros do Supremo", sem detalhes, ou citação a nomes de integrantes da Corte.